sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Fora de portas (3) - Solidariedade para com o Ministro, precisa-se!

Este Verão e a propósito dos múltiplos incêndios que grassam pelo país, ouvem-se, diariamente na TV, populares, bombeiros, autarcas, bispos, ..... falarem de crime organizado! 

Uns pedem a pena de morte para os incendiários, outros pedem aos infractores apenas o arrependimento dos crimes.

O ministro do pelouro e responsáveis pela protecção civil falam de um verdadeiro teatro de guerra, onde se perdem vidas e bens .....

Alguns comentadores (incluindo investigadores) fazem sentir a relação entre o aumento da temperatura média global do planeta e a ocorrência destes fortes e numerosos incêndios.

Uma coisa é certa: Finalmente o povo acordou! 

Finalmente os portugueses já são capazes de assumir, de forma desinibida, uma realidade que sempre esteve bem visível! E se esteve! (Recorde, este primeiro parágrafo, de há quatro anos atrás!)

Crime! Criminosos que a justiça devia punir!

Fiquei contudo perplexo, enquanto Portugal ardia,  com as palavras do responsável máximo (o sr. Ministro).

Quando os jornalistas o questionaram (mostrando reportagens em que tais factos são visíveis) sobre os constantes pedidos de ajuda, o esgotamento e a  impotência perante a limitação de meios e homens, demonstradas por parte dos bombeiros, bem como, dos apelos dos autarcas das zonas afectadas, o ministro afirmou, com ares de grande convicção, que tendo estado nalgumas frentes de combate ao fogo não sentiu isso, bem pelo contrário. Sentiu a solidariedade desses autarcas no sentido de que a estratégia do governo estava a resultar!

Mas o que é isto? O sr. Ministro vai aos locais de aflição buscar solidariedade das populações para si, para a sua política, para a sua auto-estima? Eu sempre pensei que seria mais lógico ele lá ir para demonstrar a sua solidariedade às populações aflitas e em risco! Começo por não entender, de facto, a filosofia deste homem.

Nem entendo, como é que durante mais de cem anos a floresta portuguesa teve os imprescindíveis guardas florestais, que tão sabiamente sabiam cuidar das nossas matas, limpando-as do excesso de manta morta, de árvores velhas, troncos caídos, mantendo os aceiros e arrifes,......vigiando, controlando......e desde o início dos anos setenta, com as sucessivas reformas dos Serviços Florestais, esses mesmos profissionais acabariam por ser simplesmente extintos.....

Porque não começar por aqui? 

Talvez uma reorganização da autoridade florestal, com um organigrama bem mais funcional no terreno (e não nos gabinetes e espaços de apoio aos gabinetes), com o reaparecimento da figura do antigo guarda florestal viessem a trazer bem mais benefícios à floresta portuguesa do que as palavras de circunstância e vazias de objectividade saídas da boca deste ministro, sempre que colocado perante as câmaras da TV.