sábado, 31 de dezembro de 2011

Notas de campo: Naturezas de Inverno


A maré-baixa na Ria, assoreada, impede a labuta ... o frio também dá uma ajuda.






O caniço seco e as árvores sem folhas aguardam pelo sol da Primavera.....mas continuam a servir de abrigo a variadíssimas espécies animais.



O rio Cáster corre veloz e castanho, arrastando consigo muita terra, antes fértil, agora inerte e perniciosa....



A água acumulada em pleno cordão dunar, origina charcas, que atraem algumas espécies animais e permitem o crescimento de outras vegetais



Maçaricos, garças, pilritos e demais limícolas enchem as vasas e os sapais  da Ria de Aveiro. São consumidores e contribuem decisivamente para a biodiversidade das Zonas Húmidas.


O mar furioso desgasta a arriba dunar. Menos arriba, menos floresta, menos diversidade biológica.


Os patos levantam voo sobre o sapal húmido, num alvorecer nebuloso, em plena Ria de Aveiro.




O anoitecer chega bem cedo, pois é Inverno! Mas não há mal nenhum nisso, pois os seres vivos estão bem ajustados ao fotoperíodo.





A natureza....as naturezas do Inverno, embora "silenciosas", também naturalmente promovem a Diversidade Biológica. Desde que não sofram agressões por parte do homem.

Por tal facto, o dia 29 de Dezembro de 2011, Dia Internacional da Diversidade Biológica, não poderia estar melhor colocado no nosso calendário! 


sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Notas de campo: verdes prados da Ria de Aveiro

Campos da Ria no Inverno
Se na Primavera e no Verão os campos se vestem de verde, com as culturas que o homem lá quer ver crescer, no Inverno, o verde húmido do pasto, resultado da chuva que já encharcou ou da geada da última noite, fornecem o cenário de fundo para alguns intervenientes pintarem a seu bel-prazer, mais uma agradável paisagem da beira-ria.

Empoleirada no cimo de um poste, a águia-d'asa-redonda (Buteo buteo), que neste período do ano se deixa ver por todo o lado e em número interessante, espera o tempo que for necessário para capturar o pequeno rato-do-campo (Pitymys duodecimcostatus) que atrevidamente sai da sua galeria subterrânea. Não muito afastada daquela rapace encontra-se outro indivíduo da mesma espécie, pousado sobre uma cancela, bastante mais próximo do solo. 

Garça-boieira



Indiferentes à presença das rapaces acham-se as garças-boeiras (Bubulcus ibis). São duas dezenas espalhadas pelo prado... catando os pequenos invertebrados que por ali abundam.

Bando de estorninhos na árvore e nos cabos
Ao fundo do prado, ora esvoaçando para o solo, ora para os cabos sobrelevados, ora para um arbusto próximo, ora novamente para outro sector dos cabos, está um bando de estorninhos-malhados (Sturnus vulgaris). Estes nossos visitantes invernais não passam assim despercebidos, devido aos seus constantes movimentos e à sua frenética piadeira.



O canto típico do pisco-de-peito-ruivo (Erithacus rubecula) só agora se fez ouvir! Foi preciso a águia-d'asa-redonda, mais próxima, ter levantado voo, para esta pequena ave, escondida no arvoredo, se deixar localizar. Também uma rola-turca (Streptopelia decaoto), das muitas que hoje em dia se avistam praticamente em qualquer lugar, pousa no cabo de onda a águia antes levantou voo. 

E entre os que partem e os que chegam ao prado, partimos nós também desta curta paragem ....

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Notas de campo: colhereiros e flamingos!

Flamingos no Canal de Ovar (Ria de Aveiro)

Há dias chamei a atenção para a presença de flamingos no canal de Ovar. 


O facto não sendo novo, não deixa, contudo, de ser significativo, uma vez que esta espécie continua a aparecer de forma esporádica em diferentes locais da Ria de Aveiro.





Também a presença no mesmo local de uma outra espécie pernalta, dispersiva em território português, o colhereiro (Platalea leucorodia), não sendo um facto novo, torna-se particularmente interessante, dado que a espécie tem aparecido sempre em números inferiores à primeira. 
Colhereiros no canal de Ovar (Ria de Aveiro)




Flamingos, garças-brancas e colhereiros quando observados à distância aparecem-nos com tons predominantemente alvos. Contudo, um olhar mais perspicaz mostrar-nos-à as grandes diferenças entre eles... 


quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Notas de campo: aves da beira-mar

Gaivotas durante a baixa-mar
As manhãs calmas e solarengas de Inverno são propícias para passeios na natureza ovarense. Um desses passeios poderá acontecer junto ao mar. 

À beirinha da linha de água, poisadas no areal, podem-se observar, isoladas ou em pequenos grupos, gaivotas-d'asas-escuras (Larus fuscus graellsii). Entre elas poderão achar-se uma ou duas gaivotas-argênteas-de-patas-amarelas (Larus cachinnans michahellis) ou alguma gaivota-parda (Larus canus). Como que olhando atentamente a brisa, adultos e jovens permanecem imóveis até que a aproximação de alguém os faz levantar voo. 

Pilritos correndo ao longo da água
Apenas umas dezenas de metros à frente, sobre o areal, um enorme bando de pequenas aves, as limícolas, poderão passar despercebidas ao olhar menos atento do caminhante. De facto, este tipo de aves é habitualmente sempre muito numeroso, formando-se na nossa região grupos que vão de algumas dezenas até várias centenas de indivíduos. 

As limícolas mais abundantes nesta altura do ano no nosso litoral são o borrelho-pequeno-de-coleira (Charadrius dubius), o borrelho-de-coleira-interrompida (Charadrius alexandrinus), o pilrito-comum (Calidris alpina) e o pilrito-sanderlingo (Calidris alba). À excepção desta última espécie, presente em menor número e deslocando-se em correrias constantes de um lado para o outro, as restantes espécies passam grande parte do tempo paradas, cuidando da plumagem.

Se olharmos atentamente para o mar podemos observar, em determinadas zonas, patos-negros (Melanitta nigra), mergulhando com regularidade, em busca de alimento. Também um ou outro garajau-comum (Sterna sandvicensis) pode aparecer voando sobre a rebentação.


Ganso-patola com asa ferida
Em dias de calmaria não é frequente avistar-se aves pelágicas; contudo, elas poderão aparecer mortas na praia, como acontece regularmente com os gansos-patolas (Morus bassanus), resultado de morte, cansaço ou ferimentos em redes. 

Na parte mais alta da praia e sobre as dunas podem-se observar vários passeriformes, surgindo com mais frequência a irrequieta alvéola-branca (Motacilla alba).


E, assim, a manhã foi avançando. À medida que o ar ia aquecendo,  as aves parece que iam fugindo....a caminhada ia também terminando...

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Notas de campo: flamingos no Natal

A chegada do Inverno traz consigo, também, bonitos dias de sol, em que o vento muito fraco quase não se faz sentir e as temperaturas diurnas não muito frias convidam a uma saída pela natureza. 

Este período do ano constitui, assim, uma fase do ano propícia para a observação de aves que passam o Inverno em latitudes mais baixas para se refugiarem dos efeitos do frio e do gelo mas também de outras que nesta altura do ano se dispersam por áreas mais ou menos afastadas das suas áreas de reprodução. 

Entre estas últimas encontra-se o Flamingo-comum (Phoenicopterus ruber), que nos anos mais recentes pode invariavelmente ser observado no canal de Ovar da Ria de Aveiro, em número de algumas centenas. 

 


quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

NATAL 2011

O Natal cristão é a época que assinala o nascimento de Cristo. 

Tradicionalmente, este período da História fala do menino Jesus numa gruta, aquecido apenas pelo calor de um boi e de um burro. Na verdade, além de seus pais, foram estas duas simples criaturas que estiveram presentes em tão especial momento. 

Bovino e asinino, dois géneros de seres simples, mas importantes na vida dos homens de então. Porque, animais de carga e de trabalho nos campos. Porque sem eles toda a vida campesina seria bem mais difícil.

Tal como há mais de dois mil anos, bovinos e asininos fazem companhia ao homem, em muitos lugares da Terra, ajudando-o nos seus trabalhos e servindo também de alimento. Em Portugal, assim também foi, até ao momento em que abandonámos a agricultura aos interesses de uma Europa sem rumo.

Não é de admirar, pois, que surjam iniciativas tão belas como a que se realiza anualmente em terras transmontanas, em prol da valorização do tal burrico que também esteve presente na gruta e que invariavelmente é colocado nos presépios actuais.







Pelo contrário, é de lamentar que continuem a surgir iniciativas grotescas, que a pretexto da manutenção de tradições e de culturas locais, mais não são do que pretensões sanguinárias. Uma delas diz respeito à legalização do abate daquele outro animal também presente na gruta de Belém. 


Tornar estes actos sanguinários Património Cultural da Humanidade? 


Que dizer então dos circos Romanos dos primeiros séculos depois de Cristo? Vêem-se nos tempos de hoje tais espectáculos como assertivos? 


E que dizer da matança do bisonte-americano levada a cabo pelos Cowboys aquando da conquista da América? Fará esta lastimável conduta parte desse Património Cultural? 


Ou actualmente, que dizer da tradicional mortalidade de focas bebés feita no árctico pelos povos indígenas? Ou da mortalidade das grandes baleias pelos japoneses a pretexto de uma tradição? Serão estas práticas razoáveis para um dia se tornarem Património da Humanidade?

Não! 

Não a todo e qualquer evento de violência gratuita sobre animais indefesos! Participa deste NÃO assinando a petição

Um Bom Natal, sem agressão animal.