(continuação)
A colónia do pântano fervilha de vida! No entanto, novos intervenientes surgem, reforçando o colorido da mesma.
Chegaram as íbis-pretas. Com a sua bela plumagem castanha escura de reflexos esverdeados e com longos bicos arqueados, também elas se aprontam para dar início à criação.
Rapidamente se integram com as demais espécies, construindo os seus ninhos por entre os das garças-reais.
Dada a natureza singela da estrutura dos mesmos é possível observar, muito bem, as suas posturas. E estas são, de facto, muito bonitas, pela atraente cor azul que apresentam.
Agora sim, pode-se afirmar que a colónia atingiu o seu auge. Os gritos de toda esta avifauna fazem-se ouvir a grande distância. Os movimentos dentro da colónia são mais agitados do que nunca, com a sucessiva eclosão dos ovos e consequente aumento de crias, que têm que ser alimentadas.
Mas há perigos que espreitam e ameaçam!
A gralha-preta (Corvus corone corone) ...
... e o milhafre-preto (Milvus migrans)...
... também criaram nas proximidades e precisam igualmente de providenciar alimento para as suas crias.
Qualquer oportunidade de assaltarem a colónia, roubando um ovo ou caçando mesmo um recém-nascido, não será desperdiçada, tanto pelos corvídeos como pelas rapinas.
O pântano é um ecossistema riquíssimo, onde uma multidão de aves coloniais constitui apenas a ponta visível do icebergue.
Na toalha líquida, está o sustento da colónia.
Peixes, anfíbios e outros invertebrados aquáticos, em grande número, vão assegurar o sucesso reprodutor da mesma, durante as próximas semanas.
É, também na água, que se movimentam outros importantes predadores, como a lontra (Lutra lutra), que chega a capturar indivíduos adultos feridos ou debilitados.
A contrastar com toda esta vivacidade exacerbada da colónia, ouvem-se, vindos do interior da densa vegetação do pântano - adubada, aliás, pela enorme quantidade de excrementos produzidos pelas aves coloniais - chamamentos bastante discretos, como o do megulhão-pequeno (Tachybaptus ruficollis), que imerge e emerge a um ritmo apressurado ...
... do negro galeirão (Fulica atra), de bico e placa frontal de um branco imaculado ...
... ou da negra galinha-d'água (Gallinula chloropus), detentora de um bico rubro com extremidade amarela.
Alguns outros, de tão discretos no meio e harmoniosos no semblante, fazem esquecer com suas cantorias, a áspera gritaria que a colónia dimana.
É o caso do rouxinol-pequeno-dos-caniços (Acrocephalus scirpaceus), também ele um migrador trans-sariano que aqui se reproduz durante o estio.
Como que indiferentes à agitação colonial, famílias de patos-reais (Anas platyrhynchos) nadam serenamente enquanto se alimentam à superfície da água, de plantas e pequenos animais aquáticos.
É assim o pântano.
Ao contrário de algumas ideias erróneas, é um grandioso ecossistema vivo. Um dos mais produtivos do planeta.
A sua protecção é, pois, absolutamente prioritária!
1 comentário:
Exatamente assim!
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