sexta-feira, 17 de maio de 2024

A garça-boieira

 





As marismas são um paraíso para a vida selvagem durante o ano inteiro.

Se o Outono e o Inverno trazem até à Península Ibérica milhares de aves provenientes das latitudes nórdicas, a Primavera e o Verão trazem outros tantos visitantes das latitudes africanas. Quer num caso quer no outro, tratam-se de fugas a situações adversas para as respectivas populações orníticas. 



No meio termo, a marisma vive também das suas populações residentes. Aquelas que conseguem levar toda a sua existência sem necessidade de efectuarem viagens de longa distância. Entre estas está a garça-boieira (Bubulcus ibis). 



Com uma plumagem branca e um bico amarelo, esta ave está perfeitamente adaptada ao meio aquático, graças aos tarsos e dedos compridos, que lhe permitem a deslocação em solos lamacentos. Contudo, dentro da sua família, é a espécie que menos depende deste meio, encontrando-se frequentemente em prados secos.



Por seu lado, o bico aguçado consegue a captura de pequenas e esguias presas, como insectos, ácaros e aranhas, que fazem parte da sua dieta alimentar.



Contudo, a espécie não despreza outras presas, como peixes de pequenas dimensões.



Com cerca de meio metro de comprimento e quase um metro de envergadura é um dos elementos mais pequenos da sua família (Ardeidae). 

Com a chegada do período reprodutor, a plumagem de cor branca, adquire tonalidades alaranjadas na cabeça, peito e dorso, enquanto o bico amarelado adquire tons rosados.




(continua)


sexta-feira, 10 de maio de 2024

Prados

 






Os prados são extensões de terrenos ocupados por formações herbáceas espontâneas ou semeadas, pastagens e arrelvados, húmidos ou de sequeiro. 

Formados por uma grande diversidade de plantas, entre as quais diversas flores, muitas delas atractivas de insectos polinizadores.

Os prados além de serem habitats propiciadores da biodiversidade, regulam as quantidades de água no solo e subsolo e constituem-se como elementos harmonizantes da paisagem, pela beleza estética que oferecem.



sexta-feira, 3 de maio de 2024

Degelo glaciar: a erosão costeira no concelho de Ovar

 





(continuação)


A erosão do litoral ovarense é um fenómeno bem antigo, que se começou a manifestar de uma forma mais notória a partir de meados do século passado.

Durante o final da década de 40 e princípios da década de 50, as taxas de recuo da linha de costa eram relativamente baixas em toda a frente concelhia, ligeiramente maiores a norte do Furadouro do que a sul. 

Durante essa mesma década de 50 e nas duas décadas seguintes viria a ocorrer uma mudança muito significativa no grau de erosão das praias do concelho. Enquanto os sectores de praia a norte do Furadouro, por finais dos anos 70, mantinham uma taxa de erosão baixa e estável, a zona sul, pelo contrário, sofria um acentuado recuo, tendo-se atingido taxas quatro vezes superiores aos valores registados a meio do século.

Contudo, o pior estava para vir. Nas décadas de 80 e 90 a erosão atingiu severamente todo o litoral do concelho, voltando a aumentar a taxa de recuo a norte do Furadouro, com especial incidência no sector de Maceda (3).



A falta de areia na corrente de deriva oceânica e o elevado número de estruturas pesadas de engenharia, implantadas desde o Furadouro até à foz do Douro, eram de longe as principais causas deste desgaste que o litoral ovarense ia apresentando (1,2).




Com a entrada no novo milénio, a frequência de galgamentos oceânicos aumentou, representando estes episódios uma constante ameaça sobre a frente marítima, com taxas anuais de recuo da linha de costa nunca antes alcançadas (4).

O efeito das alterações climáticas, nomeadamente com o crescente degelo dos glaciares do Árctico, incrementou a subida do nível do mar face ao que era habitual até finais do milénio anterior.

Perante este novo e dramático cenário, a frente marítima vareira passa, definitivamente, a constituir-se como a zona mais erodida do litoral português. Uma zona de vulnerabilidade excepcional, para a qual já se apontavam soluções urgentes, desde os finais dos anos 90 face ao colapso contínuo do cordão dunar (1,3).




(continua)


(1) Reis, A. (2000). Avaliação da rosão costeira entre as praias de S. Pedro de Maceda e do Torrão do lameiro (Ovar). Dissertação de Mestrado. Universidade de Aveiro.

(2) Reis, A. (2002). Quando o mar enrola na areia

(3) Reis, A. (2006). A praia dos tubarões.

(4) Reis, A. (2009). Estudo não publicado.