Entre as maiores aves aquáticas que frequentam as margens pantanosas da Ria de Aveiro conta-se o maçarico-galego (Numenius phaeopus).
São várias as fontes de informação ornitológica que atribuem a esta espécie o estatuto de ave migratória ao longo do território litoral continental português, com raras ocorrências invernais em áreas do sul do país.
Contudo, esta é uma informação desfasada da realidade, já que durante o Inverno são avistados, todos os anos, vários indivíduos desta espécie, isolados ou em pequenos grupos, nas praias de vasa e nos sapais da laguna aveirense.
O maçarico-galego é, por esta razão, uma espécie invernante na Ria de Aveiro.
A sua plumagem, dorsal e peitoral, é sarapintada de manchas castanhas-acinzentadas contrastando com o tom claro do abdómen e das supra - caudais, bem visíveis quando a ave levanta voo.
O maçarico-galego distingue-se do seu parente, o maçarico-real, por apresentar estatura e bico um pouco menores, plumagem de tonalidade mais escura e sobretudo pela presença bem marcada de duas riscas na cabeça. Uma escura, projectada sobre o olho ...
É predominantemente durante os meses de Abril e Maio que passam os bandos migratórios, provenientes de África, com destino à tundra árctica, onde irão nidificar.
Aí chegados, constroem um ninho simples, uma depressão no solo, forrado com algum material vegetal. A sua única postura, que em média é de 4 ovos de cor verde oliva sarapintados de manchas castanhas escuras, é incubada durante cerca de 24 a 28 dias. O crescimento das crias é rápido podendo as mesmas voarem ao fim de 5-6 semanas.
Logo após as crias se encontrarem devidamente aptas e antes que a tundra comece a gelar e o alimento (insectos, vermes, bagas, pequenos moluscos, ...) escasseie já esta ave se vai reunindo, formando bandos que migrarão de novo para sul, de encontro a climas mais favoráveis. O destino para a maioria delas serão as costas africanas.
É, por conseguinte, entre Julho e Setembro que se registam no litoral português as maiores concentrações de maçarico-galego em passagem migratória, pese embora, a sua presença regular durante o Inverno na Ria de Aveiro seja uma realidade, como antes referido.
Aqui na Ria, a sua presença deslocando-se calmamente sobre os lodaçais, na companhia de outras pequenas limícolas ...
... ou entre as algas...
... descansando imóvel na proximidade da água ...
... ou banhando-se nas águas fustigadas pela nortada ...
... constituem registos do Inverno, frio e húmido, da Ria de Aveiro.
É neste ambiente cinzento que a estação proporciona que se faz ouvir claramente o chamamento tão característico desta ave, sob a forma de um estridente assobio, ...
... mesmo quando as rajadas de vento, assobiando também elas sobre as águas, anunciam o temporal que em breve se abaterá sobre a laguna.
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