A manhã acordou radiosa. O Sol rompeu desde cedo por entre as nuvens ainda carregadas. A temperatura sentia-se bem mais amena face à dos dias anteriores.
O rio Cáster, cheio da água que durante algumas semanas caiu diariamente, corre sombrio, devido ao grande volume de sedimentos em suspensão.
Agora mais calmo, desliza sonoro e alegre, por entre as cores suaves que o abraçam.
Quem o espreita desde as primeiras horas da alvorada é a garça-branca-pequena (Egretta garzetta) que parece ter poiso reservado, mesmo pertinho dele.
A passarada faz-se ver e ouvir em todo o Parque Urbano. A raínha do parque, a pega-rabuda (Pica pica) esvoaça em grupos por todos os cantos do mesmo. Esvoaça e grita, pousando de ramo em ramo nos cocurutos dos troncos despidos.
Num andar inferior do arvoredo vêem-se tentilhões (Fringilla coelebs) ...
... chapins-reais (Parus major) ...
.... enfim, uma variedade de pequenos pássaros que se deliciam cantando, em louvores infinitos à mãe natureza.
A manhã passa à mesma velocidade com que, em dia de sábado, se movimentam os transeuntes pelos caminhos que o parque oferece.
Nada fazia supor que, para o final da manhã, este ambiente tão belo se transformasse. Sim, o parque seria alvo de uma transformação estética tremenda.
O rio Cáster acabava de se transformar num esgoto a céu aberto.
Castelos de espuma branca correm desalmados à superfície do rio afugentando a garça e calando os demais seres, que tão generosamente haviam animado a manhã.
Infelizmente, este não foi um episódio raro. Foi apenas mais um.
Como podem ainda acontecer situações destas? Será que a autarquia abre processos de inquérito? E informa os munícipes das conclusões dos mesmos?
Aguarde-se para ver.
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