(continuação)
Regressamos ao trilho onde, a contento, fazemos mais umas quantas centenas de metros sobre a areia aquecida, continuando a nossa apreciação sobre as peculiaridades do estrato baixo do pinhal.
Mas não o fazemos sem antes reparar, de forma inopinada, na textura e padrões singulares que as cascas dos pinheiros nos apresentam.
Trata-se, sem dúvida, de mais uma verdadeira obra plástica da natureza.
De entre a massa arbustiva salta à vista e ao olfacto a presença de uma madressilva (Lonicera periclymenum) solitária. As suas atractivas bagas maduras, vermelhas e tóxicas para os humanos são, contudo, bastante apreciadas como alimento por vários animais do pinhal.
Junto a esta, restam as folhas e caules intrincados de uma amora-silvestre (Rubus ulmifolius), a quem os animais deram já destino aos seus apetitosos frutos.
Também por estes lados do pinhal se instalaram algumas famigeradas acácias-de-espigas (Acacia longifolia), ...
... bem como, alguns eucaliptos (Eucalyptus globulus) não menos problemáticos, dado se tratarem de espécies exóticas.
Um olhar abrangente sobre esta zona da mata, mostra estar-se perante uma área perturbada, em que todas estas diferentes espécies botânicas crescem muito próximas, quase umas sobre as outras, originando uma paisagem sufocante e caótica.
Prosseguimos o passeio, impelidos pelo prazer que o mesmo está a dar aos nossos sentidos.
Bem já no interior do pinhal, quando o silêncio parece ainda mais profundo do que era antes, damos com uma toca de raposa (Vulpes vulpes).
Este registo de um refúgio escondido e a ideia subjacente de uma grande movimentação em seu torno a partir do escurecer, faz-nos consultar o relógio do pinhal.
Virados para poente constatamos que o Sol já vai muito baixo. Tão baixo que os seus raios penetram a mata quase deitados.
Está pois, na hora de regressarmos. De abandonarmos este mundo silencioso que agora se sente bem mais morno.