sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Ecos do silêncio (III)

 



(continuação)


Assim acomodados, descortinamos aquilo que se apresenta ao olhar. 

Os imponentes troncos de pinheiro-bravo, embora enxutos de humidade, continuam revestidos daqueles interessantes seres, especialmente notórios durante os meses húmidos de Outono e Inverno. Líquenes.

Os líquenes, de formas e tonalidades diversas, usam o lenho das árvores como substrato, como acontece com Usnea subfloridana (de aspecto ramoso) e Parmelia sp. (de estrutura foliosa).




Por entre estes gigantes do pinhal, quase ignorado pelo seu menor tamanho e pela fraca luminosidade que existe junto ao solo, surge o despontar de uma vida nova. 

A semente caída e maturada contribui para a renovação natural do pinhal.






De forma inesperada, surge pelo canto do olho uma sombra em movimento pelo solo, como que um fantasma silencioso. 

Um esquilo-vermelho (Sciurus vulgaris) trepa rapidamente pelo tronco de um pinheiro e lá no alto, depois de correr sobre o primeiro ramo, acaba por estacar, projectando para cima de nós o seu gracioso olhar.




O tojo-arnal (Ulex europaeus), essa encantadora planta omnipresente na mata, apesar de já não conseguir emprestar o bonito tom amarelo a toda a extensão arbustiva do pinhal, continua a revelar-se, teimosamente, em certos locais.



Apesar da maior parte dos tojos se apresentarem, por esta altura do ano, com as ramagens completamente secas, ... 



... o amarelo vibrante das poucas corolas do tojo, por entre a massa verde acastanhada dominante, constitui um regalo para os nossos sentidos. 




O amplo trilho que se abre a poucos metros de nós, feito de uma areia branca e solta aquecida pelo sol forte da tarde, abre o apetite para sobre ele caminharmos de pés ao léu. 



Convite feito, convite aceite. Mas para um pouco depois, quando o ar da tarde, já mais fresco, deixar de agredir a pele.


(continua)

Sem comentários: