sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Ecos do silêncio (II)

 




(continuação)


O Verão parece ter silenciado os pequenos seres do pinhal. Eles continuam a explorá-lo, é verdade, a encontrar nele os vermes, as sementes e os insectos de que se alimentam diariamente, mas fazem-no num profundo mutismo.


Excelentes cantores como o verdilhão-comum (Chloris chloris), ...



... o melro-preto (Turdus merula), ...



... ou ainda o palrador pardal-comum (Passer domesticus) ...




... parecem fantasmas, que apenas o bater de asas os denuncia.


É este silêncio, quente, que apetece saborear, demoradamente. Não o façamos, pois, de pé. 

Sentemo-nos sobre a mesma areia que há milhares de anos atapetava o fundo do oceano, então coberta de algas e conchas e que hoje está polvilhada com agulhas, vegetação rasteira, musgos e líquenes. 



Recostados a um dos muitos sóbrios troncos, aconchegados neste singelo assento, podemos então, saborear o silêncio da mata. 

A ausência de vento no interior do pinhal ajuda-nos neste objectivo. 



É durante este momento contemplativo, que sem demora, adquire contornos extáticos, que nos damos conta que, apesar da ausência das cantorias das aves e do bulir da vegetação sacudida pelo vento, a vida está lá. Presente e cheia de dinamismo.


(continua)  


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