(continuação)
O Verão parece ter silenciado os pequenos seres do pinhal. Eles continuam a explorá-lo, é verdade, a encontrar nele os vermes, as sementes e os insectos de que se alimentam diariamente, mas fazem-no num profundo mutismo.
Excelentes cantores como o verdilhão-comum (Chloris chloris), ...
... o melro-preto (Turdus merula), ...
... ou ainda o palrador pardal-comum (Passer domesticus) ...
... parecem fantasmas, que apenas o bater de asas os denuncia.
É este silêncio, quente, que apetece saborear, demoradamente. Não o façamos, pois, de pé.
Sentemo-nos sobre a mesma areia que há milhares de anos atapetava o fundo do oceano, então coberta de algas e conchas e que hoje está polvilhada com agulhas, vegetação rasteira, musgos e líquenes.
Recostados a um dos muitos sóbrios troncos, aconchegados neste singelo assento, podemos então, saborear o silêncio da mata.
A ausência de vento no interior do pinhal ajuda-nos neste objectivo.
É durante este momento contemplativo, que sem demora, adquire contornos extáticos, que nos damos conta que, apesar da ausência das cantorias das aves e do bulir da vegetação sacudida pelo vento, a vida está lá. Presente e cheia de dinamismo.
(continua)
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