Já antes se havia afirmado que o Verão é a estação silenciosa. E se há lugar onde se pode fazer jus a este postulado é, precisamente, no interior de um pinhal.
As matas litorais nacionais do norte e centro do país são constituídas maioritariamente por povoamentos de pinheiro-bravo (Pinus pinaster), ...
... aos quais se vieram juntar, infelizmente, certas invasoras como as acácias (Acacia sp.) ...
... e diversas folhosas, sobretudo no correr de valas de água.
Caminhando, numa destas tardes quentes de Agosto, sobre o piso fofo da areia de antigas dunas móveis, agora fixas pelos pinheiros-bravos, apetece parar.
Parar, não por cansaço de uma viagem que ainda mal começou, mas tão somente por um impulso interior que nos impele a sentir.
A sentir o ambiente acariciador do pinhal; a escutar o seu silêncio, a absorver os seus aromas.
Já lá vai distante, o despontar da Primavera, em que pelas altas copas dos pinheiros esvoaçavam alegres bandos de parídeos, formados por chapins-reais (Parus major), ...
... chapins-rabilongos (Aegithalos caudatus) ...
... e chapins-carvoeiros (Periparus ater).
Dada a pequenez de tais criaturas e a distância a que se achavam do solo, as suas presenças eram assinaladas pelos seus cantos, que sibilantes na origem, chegavam aos nossos ouvidos deliciosamente dóceis.
Nesse frenesim que caracteriza a Primavera ecoavam, bem mais fortes, os cantos dos machos de tentilhão-comum (Fringilla coelebs), quando ao desafio sobre as ramagens proclamavam direitos territoriais.
Esse tempo já lá vai, de facto.
(continua)
Sem comentários:
Enviar um comentário