sexta-feira, 23 de agosto de 2024

Ecos do silêncio

 





antes se havia afirmado que o Verão é a estação silenciosa. E se há lugar onde se pode fazer jus a este postulado é, precisamente, no interior de um pinhal.

As matas litorais nacionais do norte e centro do país são constituídas maioritariamente por povoamentos de pinheiro-bravo (Pinus pinaster), ...





 ... aos quais se vieram juntar, infelizmente, certas invasoras como as acácias (Acacia sp.) ... 




... e diversas folhosas, sobretudo no correr de valas de água.




Caminhando, numa destas tardes quentes de Agosto, sobre o piso fofo da areia de antigas dunas móveis, agora fixas pelos pinheiros-bravos, apetece parar. 



Parar, não por cansaço de uma viagem que ainda mal começou, mas tão somente por um impulso interior que nos impele a sentir. 

A sentir o ambiente acariciador do pinhal; a escutar o seu silêncio, a absorver os seus aromas.




Já lá vai distante, o despontar da Primavera, em que pelas altas copas dos pinheiros esvoaçavam alegres bandos de parídeos, formados por chapins-reais (Parus major), ...



... chapins-rabilongos (Aegithalos caudatus) ...



... e chapins-carvoeiros (Periparus ater).



Dada a pequenez de tais criaturas e a distância a que se achavam do solo, as suas presenças eram assinaladas pelos seus cantos, que sibilantes na origem, chegavam aos nossos ouvidos deliciosamente dóceis.

Nesse frenesim que caracteriza a Primavera ecoavam, bem mais fortes, os cantos dos machos de tentilhão-comum (Fringilla coelebs), quando ao desafio sobre as ramagens proclamavam direitos territoriais.





Esse tempo já lá vai, de facto. 



(continua)



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