quarta-feira, 22 de maio de 2024

Biodiversidade

 




Falar de biodiversidade, da sua importância e da sua concretização efectiva, num planeta doente e a necessitar de mudanças globais, passa por abordar, em primeira mão, questões ambientais de âmbito local e regional.

A pobreza que actualmente as matas litorais oferecem, em contraste com os tempos em que, devidamente cuidadas e geridas, ofereciam condições para a fixação de comunidades animais, é demasiado evidente.

A zona florestal de Ovar, que se estende em toda a faixa litoral do concelho, continuando para sul até S. Jacinto, dominada na sua globalidade por povoamentos de pinheiro-bravo (Pinus pinaster) – pinhais - constitui uma versão redutora da primitiva floresta portuguesa. Valorizar estes pinhais, mediante uma adequada gestão, será um passo de gigante para a recuperação dessa floresta ancestral.


Para que tal objectivo seja concretizado deverá proceder-se a uma abordagem integrada, que reconheça a importância ecológica, económica e social da floresta, garantindo a sua sustentabilidade e biodiversidade a longo prazo. Deste modo, é fundamental desenvolver estratégias de conservação, exploração sustentável, vigilância, valorização turística, educação ambiental, envolvimento político e mecanismos de cooperação.


No que respeita à conservação, manutenção e exploração, deverá ser dada uma atenção à:

- protecção da actual área florestada com pinheiro-bravo, com especial relevo para a protecção dos núcleos remanescentes de outras espécies autóctones, que não o pinheiro-bravo;




- implementação de um plano de plantio destas mesmas outras espécies autóctones (carvalhos, aroeira, medronheiros, pinheiro-manso, ….);  

- recuperação dos pinhais degradados/desmatados.



- fomento da regeneração natural.

- promoção de práticas de exploração florestal sustentável, que incluam a colheita seletiva de madeira;

 

Quanto à monitorização e vigilância das matas, deverão ser implementados sistemas capazes de, rapidamente, detectarem e responderem perante atividades ilegais, como desmatamentos e incêndios criminosos.

 


Relativamente à valorização da economia florestal, a mesma deverá passar pela criação de mercados/feiras para produtos florestais sustentáveis, como alimentos silvestres (bagas, cogumelos, plantas medicinais), artesanato e turismo de natureza.

 

No que concerne à educação ambiental, deverá esta passar:

- por acções de consciencialização junto das comunidades locais sobre a importância da floresta e sobre as vantagens da sua conservação.

- pelo incentivo a uma participação activa das comunidades locais na gestão da floresta, nomeadamente no uso adequado dos seus recursos e na sua limpeza.

 


No que se refere ao turismo, deverá o mesmo ser sustentável, valorizando a beleza natural e a biodiversidade do ecossistema florestal e simultaneamente garantindo a minimização dos impactos negativos sobre o meio ambiente.

 

Quanto às políticas públicas, estas devem priorizar:

- diligências junto do governo central para a implementação de incentivos à conservação e ao uso sustentável da floresta, incluindo incentivos financeiros a proprietários, para valorização dos pinhais particulares com distintas espécies autóctones.



- mecanismos de envolvimento das populações na co-gestão da floresta.

- a recuperação da figura e estatuto do guarda-florestal, como elemento residente na mata, assegurando a gestão permanente da mesma.

 



Por último, deve mencionar-se a cooperação com instituições/municípios implicados na gestão florestal, nomeadamente de outros países, no sentido da troca de experiências sobre a matéria. A título de proposta sugere-se, por exemplo, Moraleja, cidade geminada com Ovar, e que se encontra inserida numa das províncias mais florestadas de Espanha.

  

 


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