sexta-feira, 5 de julho de 2024

O lagarto-de-água

 




Belo e inconfundível. Dois justos atributos para este endemismo ibérico ocidental. Uma espécie relevante da herpetofauna portuguesa.

Com a chegada da Primavera, o lagarto-de-água (Lacerta schreiberi), com um comprimento de cabeça e corpo que ronda os 12 cm e uma cauda com o dobro do tamanho do corpo, regressa à sua actividade social, interrompida durante o período invernal. 




Já com a estação instalada, esta espécie dá início à sua actividade reprodutora. 

É durante o período de acasalamento - que pode ir até ao mês de Julho - no qual os machos perseguem insistentemente as fêmeas escolhidas, que se pode constatar o claro dimorfismo sexual existente nesta espécie.

Os machos, mais pequenos que as fêmeas, mas mais corpulentos na cabeça e no corpo, apresentam um padrão de coloração dorsal esverdeado, manchado de pontos negros, mais densos no dorso que nos flancos, e ventre amarelado. As fêmeas, pelo contrário, com uma cauda mais comprida, apresentam o dorso e flancos com uma tonalidade acastanhada, com laivos esverdeados e manchas negras mais desenvolvidas. 




Mas o que torna este lagarto belo e inconfundível, entre os demais lacertídeos, é a tonalidade azul intensa que pinta a sua garganta e cabeça, predominantemente dos machos, durante esta fase reprodutiva!



Uma observação mais aproximada do animal permite distinguir as escamas da garganta e do dorso de rebordo arredondado, bem como, os dedos curvos com unhas aguçadas que lhes permitem agarrar-se firmemente às superfícies por onde trepam.




O cortejamento do lagarto-de-água é um ritual algo demorado, até o macho conseguir colocar-se em posição de cópula.



A cópula, tal como qualquer outro momento da vida desta espécie, passa quase despercebida a um olhar desatento, mesmo quando os protagonistas estão bem próximos.

E a razão é simples. Mimetismo.

O lagarto-de-água escolhe para viver zonas de vegetação densa, habitualmente nas proximidades de cursos de água, quer sejam rios pedregosos de montanha, quer sejam veios de água atravessando matagais, bosques, sebes arbustivas, campos agrícolas ou prados. 




Ora, a coloração geral das diferentes partes do seu corpo, bem como, as características próprias da sua locomoção, integram-no perfeitamente no seu habitat, dificultando a sua localização. 




2 comentários:

Mixan disse...

Lindo!

Álvaro Reis disse...

Sem dúvida, uma espécie muito bonita.