segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

De regresso às cabras!





Faz um ano que, num encontro à distância, vivenciei um belíssimo momento em pleno coração serrano. O avistamento de um harém de cabra-montês-ibérica (Capra pyrenaica victoriae), então em plena época de acasalamento.




Hoje, voltei à serra para as rever. Num outro local da cordilheira e já após o período do acasalamento. Mas a beleza do encontro manteve-se. 


Observar esta conquistadora das escarpas e das paredes talhadas a pique nas grandes serras, com seu corpo maciço e cabeça ornada, constitui sempre motivo de êxtase. 



O encontro próximo com um macho de cabra-montês é um momento inesquecível. Com sua samarra estampada de claro e escuro faz saltar à vista a imponência dos seus cornos, torcidos para fora, atingindo quase um metro de comprimento e um peso superior a um quilo, cada. 

Esta carga mássica faz deslocar para a frente o centro de gravidade do animal. Como medida compensatória, os membros anteriores são especialmente robustos e os seus cascos perfeitamente adaptados à descida e à escalada das penedias.





Findo o cio começa a vislumbrar-se o gregarismo da espécie. Os machos adultos agrupam-se entre si enquanto as fêmeas se juntam com as crias do ano, de desmame recente, e os jovens até aos três anos de idade.





A serra vive, neste início de Inverno, com temperaturas moderadas, com dias de aguaceiros e outros de chuva abundante. O frio e as neves ainda estão para chegar. E com esta chegada a vida dos rebanhos e principalmente a sobrevivência dos cabritos constituirá uma emergência para a sobrevivência da espécie. 




sábado, 10 de dezembro de 2022

Quadros de Natal





Nos seus movimentos dispersivos invernais para baixas latitudes, onde a busca de alimento e de outras condições do meio se mostram mais convenientes, o êider (Somateria mollissima) chegou até ao norte de Portugal. Um casal não reprodutor.




Entretanto, não se sabe o que aconteceu à fêmea, pois o macho tem sido observado só durante este Outono. Poderá a mesma ter migrado para a tundra no final do Verão ou apenas para outro ponto na costa portuguesa. Poderá estar próxima, explorando um outro local, ou poderá ter sucumbido por algum motivo.


Mas o macho, de compleição robusta, agora com outra libré que alcançou no Verão, encanta quem o observa. 

Com um forte bico amarelo, patas da mesma cor, cabeça e partes inferiores negras, contrastando com o branco do dorso, uma mancha branca nos flancos e com os lados do pescoço de um verde esbatido, tornou-se numa ave muito atractiva. 




Após cada pescaria, o êider, um mergulhador nato, sobe para uma rocha costeira onde passa largos períodos de tempo a descansar.



É aí que digere os crustáceos e moluscos ingeridos, cujas carapaças são excretadas sob a forma de dejectos alaranjados, que se avistam depositados sobre a rocha. 




Ao fim de algumas horas, quando a maré está de novo a subir, o êider começa a denotar alguma impaciência, levantando-se, dando uns pequenos passos, deitando-se de novo, e voltando a levantar-se pouco depois.




Olha em redor, como que analisando a corrente de maré que cada vez se nota mais, entregando-se, por fim, ao cuidado da plumagem. É que do estado desta depende a sua capacidade para dominar com eficiência o seu modo de vida aquático.




Após estes cuidados tão importantes vai-se aproximando lentamente da água ...




... não sem antes efectuar uma derradeira operação de cosmética...




... até se lançar à água para uma nova pescaria. 




O êider lá segue, primeiro nadando durante uma dezena de metros....




... para de seguida levantar da água e num voo pesado, semelhante ao de um ganso, se dirigir para o seu local de eleição, bem afastado do seu anterior poiso.




E assim, esta ave típica da tundra árctica continuará por cá, não se sabe até quando, mas seguramente passando connosco o próximo Natal!