sexta-feira, 24 de novembro de 2023

Chega o frio ...

 





É início de Novembro.

As ruas e os parques da cidade estão engalanados de plátanos (Platanus sp.) e liquidambares (Liquidambar sp.), que garbosamente tingidos de tons amarelos, vermelhos e laranjas sobressaem sobre o verde escuro dos pinheiros-mansos (Pinus pinea) e o verde desmaiado das acácias (acacia sp.).




Por entre o emaranhado desta bonita folhagem vivem comunidades de insectos que constituem o suporte de vida de diferentes espécies de pássaros, como a felosa-musical (Phylloscopus trochilus), chegados em migração a caminho de África e a maior parte das vezes difíceis de localizar à vista desarmada, tal o mimetismo.



Nos campos amanhados, que volteiam o centro da urbe, garças-boieiras (Bubulcus ibis) substituem, dois meses depois, as cegonhas-brancas (Ciconia ciconia), na limpeza das lavras.




Na marisma próxima, são inúmeras as espécies de aves limícolas que nesta altura por lá se avistam. Umas, de pequenas dimensões, como o borrelho-grande-de-coleira (Charadrius hiaticula).




Outras, de médio porte, como o perna-verde-comum (Tringa nebularia).




E outras ainda, um pouco mais avantajadas, como o maçarico-galego (Numenius phaeopus).




Todos eles encontram nos lodos o alimento necessário à sua mantença.


Neste período do ano, a praia é, cada vez mais, um espaço a evitar, dada a intensidade da agitação marítima. 

A ondulação ao largo é alta, com grandes massas de água a rebentarem sobre o areal.



Apenas se avistam algumas gaivotas-d'asas-escuras (Larus fuscus) em voo rasante à água, como que desafiando o poderoso oceano.



No bosque, húmido e sombrio, os fungos e os musgos assumiram-se como verdadeiros conquistadores do solo, ...



... e dos troncos. Dos troncos vivos ...



... e dos que já estão em decomposição.



Por aqui, é o delicado canto dos chapins, entre os quais se destaca o dos chapins-reais (Parus major), que quebra o silêncio deste ecossistema, infelizmente, já menos vasto do que foi outrora.





(continua)



sexta-feira, 17 de novembro de 2023

Limícolas

 





As aves limícolas podem ser encontradas em diversos habitatspese embora sejam mais frequentes em Zonas Húmidas, como lagunas costeiras, estuários e praias marítimas. 

Apesar de algumas espécies apresentarem um porte médio, a maioria são de pequenas dimensões. 

São na sua generalidade espécies migradoras.

Vamos apreciá-las!



sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Hábeis arpoadores

 





As marismas constituem um ecossistema de extraordinária riqueza biológica. Neste meio tão peculiar, são sobretudo as aves aquáticas que realçam a beleza e diversidade das espécies presentes. 

Neste reforçado apontamento e recorrendo de novo às palavras de Félix Rodriguez de la Fuente destaca-se o comportamento das garças em "As marismas: 3-Hábeis arpoadores"



sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Irrequietos aprovisionadores


 



O Outono entrou suave, mas depressa a estação evoluiu para os rigores que caracterizam o Inverno que há-de chegar.




Enquanto nos campos a terra, lavrada e adubada, está pronta para acolher a sementeira do trigo, da aveia, da cevada e do centeio, depois dos sóbrios milheirais se terem transformado em mera recordação ... 



... no bosque próximo, os carvalhos, castanheiros e alguns sobreiros presentes deixam tombar sobre o solo ouriços e bolotas, ...



... verdadeiros petiscos gourmet para uma diversidade de seres, que diariamente "brincam às escondidas" por entre ramos, folhas e troncos, como é o caso do gaio (Garrulus glandarius).



Um outro, desses seres florestais, icónico pelo seu aspecto gracioso e comportamento vivo, é o esquilo-europeu, comum ou vermelho (Sciurus vulgaris), o único esquilo arborícola nativo da Europa. 




Neste simpático animal sobressaem a pelagem, maioritariamente castanha-avermelhada no Verão, as partes inferiores brancas, uma cauda farta e uns olhos grandes e expressivos.



Contudo, a partir de agora e durante todo o Inverno os tons são mais acinzentados e as orelhas estão terminadas por pincéis de pêlo.



Este roedor, depois de ter passado o estio num estado de grande inactividade, devido às elevadas temperaturas, está agora em plena laboração, procurando insistentemente o alimento que irá aprovisionar, antes que chegue o Inverno.




Quando as temperaturas diminuírem manter-se-á abrigado, sem contudo entrar em hibernação, nalgum dos seus ninhos, frequentemente adaptados de  velhos ninhos de pega ou gaio. 


É assim, que podemos vê-lo a descer desembaraçadamente um tronco de cabeça para baixo ...




... e no solo, dando pequenas corridas, umas atrás das outras, em busca dos preciosos frutos das caducifólias e das sementes dos vários pinheiros que por lá também ocorrem.



Outras vezes, nomeadamente quando assustado, sobe rapidamente o grosso tronco, esgueirando-se pelos ramos até atingir o topo da árvore. Desta, saltará facilmente para a vizinha, ajudado pelo balanceio da cauda, desaparecendo momentaneamente à vista.



Quando se sente tranquilo senta-se num ramo baixo dalgum castanheiro ou carvalho, com a cauda elevada a tapar-lhe a cabeça, roendo com frugalidade nozes, avelãs, bolotas, sementes, pinhões, cascas de frutos, tubérculos, fungos, insectos, ovos, etc. Enfim, eclético também na alimentação.



O esquilo-comum tem hábitos diurnos. Embora se deixe observar com relativa facilidade ao longo do dia, apresenta no Verão uma maior actividade após o alvorecer e antes do anoitecer, enquanto no Inverno apresenta apenas um pico de actividade matinal.

Ao final da tarde é habitual deslocarem-se até aos charcos mais próximos para se saciarem, antes que a noite chegue e se recolham ao ninho.



 

O esquilo é um animal muito territorial, pese embora, não apresentar grande agressividade, inclusive durante a ampla época de reprodução, que se estende de Janeiro a Agosto. Tem em geral 3 a 4 crias por ano.

Além dos predadores naturais, como as aves de rapina florestais e os mustelídeos, o esquilo-vermelho é caçado por cães e gatos domésticos. A sua postura de defesa consiste em saltar para o lado do tronco oposto ao perigo e manter-se imóvel, agarrado ao mesmo.




Perante tal explosão de vida, não haverá, pois, quem fique indiferente a este pequeno e ágil acrobata que povoa os nossos bosques.