É início de Novembro.
As ruas e os parques da cidade estão engalanados de plátanos (Platanus sp.) e liquidambares (Liquidambar sp.), que garbosamente tingidos de tons amarelos, vermelhos e laranjas sobressaem sobre o verde escuro dos pinheiros-mansos (Pinus pinea) e o verde desmaiado das acácias (acacia sp.).
Por entre o emaranhado desta bonita folhagem vivem comunidades de insectos que constituem o suporte de vida de diferentes espécies de pássaros, como a felosa-musical (Phylloscopus trochilus), chegados em migração a caminho de África e a maior parte das vezes difíceis de localizar à vista desarmada, tal o mimetismo.
Nos campos amanhados, que volteiam o centro da urbe, garças-boieiras (Bubulcus ibis) substituem, dois meses depois, as cegonhas-brancas (Ciconia ciconia), na limpeza das lavras.
Na marisma próxima, são inúmeras as espécies de aves limícolas que nesta altura por lá se avistam. Umas, de pequenas dimensões, como o borrelho-grande-de-coleira (Charadrius hiaticula).
Outras, de médio porte, como o perna-verde-comum (Tringa nebularia).
E outras ainda, um pouco mais avantajadas, como o maçarico-galego (Numenius phaeopus).
Todos eles encontram nos lodos o alimento necessário à sua mantença.
Neste período do ano, a praia é, cada vez mais, um espaço a evitar, dada a intensidade da agitação marítima.
A ondulação ao largo é alta, com grandes massas de água a rebentarem sobre o areal.
Apenas se avistam algumas gaivotas-d'asas-escuras (Larus fuscus) em voo rasante à água, como que desafiando o poderoso oceano.
No bosque, húmido e sombrio, os fungos e os musgos assumiram-se como verdadeiros conquistadores do solo, ...
... e dos troncos. Dos troncos vivos ...
... e dos que já estão em decomposição.
Por aqui, é o delicado canto dos chapins, entre os quais se destaca o dos chapins-reais (Parus major), que quebra o silêncio deste ecossistema, infelizmente, já menos vasto do que foi outrora.
(continua)
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