quinta-feira, 23 de junho de 2011

Operação RAMBO.


A zona ribeirinha do rio Cáster, em pleno centro da cidade, tal como sempre nos habituámos a vê-la, ano após ano, sobretudo durante a Primavera e início de Verão. 

Abril de 2007

Abril de 2007
Outubro de 2010

Outubro de 2010


Toda uma área plena de densa vegetação arbustiva e arbórea, constituía o habitat de várias espécies animais selvagens. Neste biótopo criavam todos os anos diversas espécies de pássaros (alguns presentes entre nós somente durante esta época de nidificação) ....  

 Felosa poliglota (Hippolais polyglotta)

Chapim-real (Parus major)


Papa-moscas-cinzento (Muscicapa striata)


Pintassilgo (Carduelis carduelis)

Poupa (Upupa epops)

Rouxinol-comum (Luscinia megarhynchos)

Pisco-de-peito-ruivo (Erithacus rubecula)

Guarda-rios (Alcedo athis)

algumas aves de rapina, nomeadamente espécies nocturnas ....


Mocho-galego (Athene noctua)


répteis, alguns mamíferos e uma multiplicidade de insectos (estes, constituindo os elos básicos de todas as cadeias alimentares).


Doninha (Mustela nivalis)

Geneta (Genetta genetta)

Cobra-d'água-de-colar (Natrix natrix)


Durante o Inverno e durante os períodos de migração, estas galerias ripícolas serviam também de habitat para outras espécies, que as usavam como locais de repouso e dormitório.


Garça-real (Ardea cinerea)

Goraz (Nycticorax nycticorax)


Se o projecto em papel, do Parque Urbano, há muito se mostrava ofensivo da natureza, por não ser capaz de incluir os habitats naturais da área a ser intervencionada (veja-se artigo de 01.08.2004), tornou-se, desde então, num projecto verdadeiramente  criminoso, ao ser levado à prática no mais inadequado calendário, com sérios prejuízos ambientais para a biodiversidade local. 
Ficou assim e mais uma vez demonstrado que se encontra em perigo todo o ambiente no concelho de Ovar. Desta vez as áreas sacrificadas pela autarquia foram as margens ribeirinhas do rio Cáster em pleno centro urbano.

Recentemente, encerrou a nível nacional e sob o epíteto de "democracia", um ciclo terrível de ditadura, de cegueira intelectual e de abuso institucional que conduziram o país a um estado de miséria social e económica, nunca visto nos tempos recentes. Mas este ciclo só estará completamente concretizado quando ao nível local, os "caudilhos" arrogantes e surdos forem substituídos por  mentes abertas à aprendizagem e à gestão sustentável dos recursos naturais.

Felizmente, que bem perto de nós, podemos colher imagens  contrastantes que mostram uma outra forma de abordar as questões ambientais. Esta realidade deve-se a uma dessas mentes abertas ao diálogo, de objectivos claros, nomeadamente no que respeita à construção de parques urbanos ....  Essa mente do sec. XXI soube valorizar os recursos ambientais de Vila Nova de Gaia. Se visitarmos este município encontraremos praias sobre as quais têm sido devotados cuidados constantes, parques urbanos criados com o objectivo lúdico mas onde a natureza "continua a existir", rios limpos e povoados de vida,..... 
Gaia, em termos de gestão ambiental, é de facto a antítese de Ovar.  

Ovar tem vivido com os horizontes limitados pelos objectivos partidários, onde se privilegiam sempre os  projectos show-off (sempre com assinaturas caras mesmo que esvaziados de conteúdo) em detrimento dos projectos ambientalmente sustentáveis. 

E foi assim que desta vez aconteceu mais uma operação ao estilo Rambo. Rápida e musculada. De um dia para o outro o crime foi concretizado. Uma área REN (Reserva Ecológica Nacional), com habitats protegidos pela Directiva Comunitária "Habitats" foi literalmente destruída a mando da autarquia ovarense! 

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Grande atentado ambiental, em Ovar. Mais um!

Parque Urbano de Ovar



Parece incrível, mas é uma triste realidade! Não há dúvida (para quem ainda as tivesse!) que o município de Ovar não zela o ambiente do concelho, antes o agride de forma sistemática.








Depois de vários anos de "incubação", a concretização do projecto do Parque Urbano surge finalmente .... mas na pior época possível. A época da reproduçãoDiferentes grupos animais (entre os quais se destacam as aves) sempre dependeram da vegetação arbustiva que existia ao longo do rio Cáster, não só pela camuflagem oferecida mas também pela disponibilidade de nichos para criação. 


Acontece que em plena época de cria, e contrariando os mais elementares conceitos de gestão arbórea, assim como, todo um conjunto de disposições legais nacionais e comunitárias, um número incontável de ninhos, ovos e crias começaram a ser destruídos pelas máquinas que derrubam indiscriminadamente os arbustos, a mando da Câmara Municipal de Ovar. Este tipo de intervenção, além de confirmar, mais uma vez, a grande irresponsabilidade autárquica na gestão das questões ambientais, integra-se perfeitamente no grupo das " grandes barbaridades ambientais". 


15.06.11




Além das várias espécies de passeriformes que neste cordão arbustivo nidificam, também as aves de rapina nocturnas, borboletas e diversos mamíferos serão afectados de forma drástica com esta intervenção extemporânea sobre a vegetação ribeirinha do Cáster.


Chocado com esta barbárie, impensável de acontecer em plena época de cria, entrei de imediato em contacto, a 15 de Junho,  com a Câmara Municipal de Ovar, solicitando a necessidade urgente de abordar esta questão com o Presidente. Era preciso parar já com esta barbaridade. Por impossibilidade do mesmo foi garantido pela secretária da presidência, que logo que o senhor presidente acabasse a reunião me contactaria. 



Passaram-se 24 horas após o contacto e nada feito.... É quase certo a reunião já ter terminado ..... Protecção do Ambiente, de facto não é prioridade camarária em Ovar. 

O atentado ambiental ... esse sim, continua! Veja-se.





 16.06.11




 16.06.11




 16.06.11



quarta-feira, 15 de junho de 2011

Polis Litoral Ria de Aveiro - coerente ou irresponsável?

Em mais um 5 de Junho (Dia Mundial do Ambiente) soube-se pela  presidente do Conselho de Administração do Polis Litoral Ria de Aveiro que "o Polis da Ria não pode parar" até porque "o futuro não é só hoje mas também amanhã". 

Teresa Fidélis referiu ainda que "o Polis não vem resolver todos os problemas (na gestão da Ria) mas permite dar um contributo inquestionável para a sua valorização". De salientar a intenção da sociedade Polis estar pronta para implantar no terreno as 150 acções constantes no Plano Estratégico.

Entre os projectos anunciados destacam-se claramente dois deles, como urgentes e decididamente positivos, pelos benefícios que trazem para a valorização dos ecossistemas lagunares:

- a dragagem prevista para os canais principais da Ria (Ovar, Murtosa, Ílhavo e Mira);

- o reforço das margens da ria, com a recuperação das motas degradadas.

Claramente urgente mas enfermando de uma enorme limitação, pois deveria ser alargado a toda a zona litoral do concelho de Ovar, é o projecto de reforço do cordão dunar entre a Costa Nova e Mira.

Mas se estas acções não trazem preocupações quanto a possíveis impactes ambientais negativos, o mesmo não se poderá dizer relativamente ao projecto de desenvolvimento das vias cicláveis, contemplando as vertentes do desporto, lazer e turismo.

Senão vejamos dois casos concretos:

Primeiro caso: Campos de Salreu/Canelas (Baixo-Vouga Lagunar)

Estamos nos anos 70 e princípios de 80. Esta zona era, então, pouco frequentada, quase desconhecida da generalidade das pessoas, percorrida apenas por agricultores locais e caçadores. À Ria de Aveiro apenas se associava a ideia de poluição das suas águas e os maus cheiros da celulose. Quando a essa data iniciei os primeiros estudos sobre a biodiversidade local, toda esta região apresentava uma biodiversidade elevada, com populações importantes (no contexto nacional) para algumas espécies. Por esse facto, estas mesmas espécies serviriam como importantes bioindicadores (casos da garça-vermelha e da águia-sapeira). Já nessa data defendia que qualquer intervenção local deveria saber valorizar e proteger a zona e nunca promover o retrocesso da sua biodiversidade.


Actualmente e após a implantação do projecto Bioria (promotor de um aumento da pressão humana na área), ambas as espécies diminuíram os seus efectivos. 


Conclui-se, assim, que este projecto tem mais aspectos negativos (que urge corrigir!) do que positivos.




Segundo caso: Reordenamento e requalificação da Foz do Rio Cáster (Ovar)

                       Sobre este projecto veja-se o link




Conclusão: a falta de um debate aberto sobre o Polis Ria de Aveiro (prometido a 10 de Novembro de 2010, em Ovar, como estando previsto para breve) e o conhecimento de algumas das acções a desenvolver, deixam muitas dúvidas acerca da coerência e oportunidade das mesmas, bem como da importância do próprio Polis como instrumento de valorização ambiental.







domingo, 5 de junho de 2011

Novo ninho de cegonha-branca em Ovar



A 02/03/09 foi aqui noticiada a construção de um novo ninho de cegonha-branca no concelho de Ovar. Àquela data o referido ninho tinha a particularidade de ser o primeiro no concelho a ser construído em árvore. 




Volvidos dois anos a árvore em causa não apresenta indícios de nidificação, mas pelo contrário, umas ruínas próximas da mesma são o suporte de um novo ninho de cegonha-branca. 



No presente, o ninho possui crias já bastante desenvolvidas.