A zona ribeirinha do rio Cáster, em pleno centro da cidade, tal como sempre nos habituámos a vê-la, ano após ano, sobretudo durante a Primavera e início de Verão.
Toda uma área plena de densa vegetação arbustiva e arbórea, constituía o habitat de várias espécies animais selvagens. Neste biótopo criavam todos os anos diversas espécies de pássaros (alguns presentes entre nós somente durante esta época de nidificação) ....
algumas aves de rapina, nomeadamente espécies nocturnas ....
répteis, alguns mamíferos e uma multiplicidade de insectos (estes, constituindo os elos básicos de todas as cadeias alimentares).
Durante o Inverno e durante os períodos de migração, estas galerias ripícolas serviam também de habitat para outras espécies, que as usavam como locais de repouso e dormitório.
Se o projecto em papel, do Parque Urbano, há muito se mostrava ofensivo da natureza, por não ser capaz de incluir os habitats naturais da área a ser intervencionada (veja-se artigo de 01.08.2004), tornou-se, desde então, num projecto verdadeiramente criminoso, ao ser levado à prática no mais inadequado calendário, com sérios prejuízos ambientais para a biodiversidade local.
Ficou assim e mais uma vez demonstrado que se encontra em perigo todo o ambiente no concelho de Ovar. Desta vez as áreas sacrificadas pela autarquia foram as margens ribeirinhas do rio Cáster em pleno centro urbano.
Recentemente, encerrou a nível nacional e sob o epíteto de "democracia", um ciclo terrível de ditadura, de cegueira intelectual e de abuso institucional que conduziram o país a um estado de miséria social e económica, nunca visto nos tempos recentes. Mas este ciclo só estará completamente concretizado quando ao nível local, os "caudilhos" arrogantes e surdos forem substituídos por mentes abertas à aprendizagem e à gestão sustentável dos recursos naturais.
Felizmente, que bem perto de nós, podemos colher imagens contrastantes que mostram uma outra forma de abordar as questões ambientais. Esta realidade deve-se a uma dessas mentes abertas ao diálogo, de objectivos claros, nomeadamente no que respeita à construção de parques urbanos .... Essa mente do sec. XXI soube valorizar os recursos ambientais de Vila Nova de Gaia. Se visitarmos este município encontraremos praias sobre as quais têm sido devotados cuidados constantes, parques urbanos criados com o objectivo lúdico mas onde a natureza "continua a existir", rios limpos e povoados de vida,.....
Gaia, em termos de gestão ambiental, é de facto a antítese de Ovar.
Ovar tem vivido com os horizontes limitados pelos objectivos partidários, onde se privilegiam sempre os projectos show-off (sempre com assinaturas caras mesmo que esvaziados de conteúdo) em detrimento dos projectos ambientalmente sustentáveis.
E foi assim que desta vez aconteceu mais uma operação ao estilo Rambo. Rápida e musculada. De um dia para o outro o crime foi concretizado. Uma área REN (Reserva Ecológica Nacional), com habitats protegidos pela Directiva Comunitária "Habitats" foi literalmente destruída a mando da autarquia ovarense!
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