quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Dia de Reis!

Comemore-se hoje os "reis" da natureza em Ovar. Eis três, dos vários que por aqui ocorrem e que são fundamentais para a biodiversidade das Zonas Húmidas e espaços arborizados.



Garça-real (Ardea cinerea)



Chapim-real (Parus major)

Pato-real (Anas platyrhynchos)





segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

2016 – Ano Internacional para o Entendimento Global

As sociedades humanas foram as responsáveis, ao longo dos tempos, pelas principais transformações ocorridas no nosso planeta, pese embora, o homem quase sempre ter ignorado ou menosprezado as consequências do seu agir no meio ambiente.

Numa época em que o nosso planeta experimenta rápidas e graves mudanças ambientais (declínio da biodiversidade, perda de ecossistemas, reduções nos stocks pesqueiros, empobrecimento dos solos, desertificação dos territórios, alterações climáticas extremas, desflorestações massivas, poluições diversas, etc.) não poderemos corrigir o que quer que seja, sem primeiro compreendermos, muito bem, as implicações de todas as nossas opções diárias, como sejam, tão somente, o que bebemos, o que comemos, como habitamos, o que trabalhamos, como socializamos, como viajamos, como praticamos desporto, o que comunicamos, o que ensinamos…. 

Deste modo, verifica-se existir uma necessidade de ampliarmos a compreensão dos fenómenos naturais e das reais necessidades de interferência do homem sobre o meio ambiente que o rodeia. Para isso, é obrigatório reflectir a nível local, sobre todo o conhecimento adquirido ou a adquirir relativo a esta interdependência homem–ambiente. Universidades, ONG’s e população, são, todos eles, vectores que permitem a transversalidade do pensar-agir. Só após esta interiorização, que exige educação e humildade por parte dos decisores, se poderá avançar conscientemente e com objectividade.

Vem isto a propósito das décadas de destruição do património ambiental no concelho de Ovar. Destruição, porque o balanço ecológico foi negativo. As perdas ambientais nunca foram compensadas. Senão vejamos:



O corte de árvores, em matas, do estado ou municipais, sem que tivesse havido lugar a novas plantações, fizeram com que a mancha florestal do concelho se tenha reduzido de forma substancial. O derrube, a pretexto do alargamento das vias e passeios, de árvores frondosas, substituindo-as por exemplares jovens tem retirado a sombra aos caminhantes e à paisagem o valor estético conseguido em anteriores gerações. 

A destruição, sem justificação, da vegetação ripícola do rio Cáster, retirou a várias espécies da fauna, o abrigo e os locais necessários para criação. O desprezo pela limpeza dos diversos cursos de água que atravessam a cidade, tem impedido a regularização dos seus caudais e promovido a concentração de lixos, pastos e ratazanas. 

O envelhecimento da cidade de Ovar, tem sido conseguido graças à falta de um plano estratégico para dinamização e embelezamento do casco antigo, para a recuperação dos seus prédios, das suas fontes, das suas fachadas em azulejo, e do demais património artístico degradado. 





Também os modelos de jardinagem adoptados no município e que passam por um sistema de podas exageradas, que transformam esbeltas árvores em grossas estacas, têm conduzido à perda da qualidade estética das ruas e jardins. 

A política de construção e reforço das muralhas de pedra, mar adentro, contribuiu para mais rapidamente se destruírem as praias próximas, já de si erodidas pela subida gradual do nível do mar. 



A realização de obras secundárias ao longo das margens da Ria serviu para se protelarem outras intervenções de maior prioridade. De facto, as ciclovias, o melhoramento  das praias e a recuperação dos cais podem ter representado um certo ganho no bem estar das pessoas mas não representaram seguramente um ganho na qualidade do ecossistema lagunar! A laguna, perante a inércia, foi-se transformando naturalmente, num pântano, uma vez que não se decidiu levar a cabo em tempo próprio aquilo que era mais importante, as dragagens dos seus canais.



Ora aqui está a grande verdade sobre este Ano Internacional para o Entendimento Global (International Year of Global Understanding, IYGU). Uma ocasião para um sério apelo dirigido ao bom senso dos decisores locais, frequentemente desinformados, ou pior ainda, mal formados sobre o que deve ser a gestão diária do património ambiental dos seus territórios.


Fomentar a mudança de atitudes a nível local contribuirá, sem dúvida, para uma mudança de atitudes a nível regional e nacional, favorecendo o entendimento no que toca às diferentes políticas ambientais. Este ano de 2016 constitui um apelo à mudança de atitudes a nível local, mudança que deve passar por cada ovarense. Mas, tal como diz o ditame popular, “o exemplo deve vir de cima”!