As sociedades humanas foram as responsáveis,
ao longo dos tempos, pelas principais transformações ocorridas no nosso
planeta, pese embora, o homem quase sempre ter ignorado ou menosprezado as
consequências do seu agir no meio ambiente.
Numa
época em que o nosso planeta experimenta rápidas e graves mudanças ambientais
(declínio da biodiversidade, perda de ecossistemas, reduções nos stocks pesqueiros, empobrecimento dos solos, desertificação dos territórios, alterações
climáticas extremas, desflorestações massivas, poluições diversas, etc.) não
poderemos corrigir o que quer que seja, sem primeiro compreendermos, muito bem,
as implicações de todas as nossas opções diárias, como sejam, tão somente, o
que bebemos, o que comemos, como habitamos, o que trabalhamos, como
socializamos, como viajamos, como praticamos desporto, o que comunicamos, o que
ensinamos….
Deste modo, verifica-se existir uma necessidade de ampliarmos a compreensão dos fenómenos naturais e das reais necessidades de interferência do homem sobre o meio ambiente que o rodeia. Para isso, é obrigatório reflectir a nível local, sobre todo o conhecimento adquirido ou a adquirir relativo a esta interdependência homem–ambiente. Universidades, ONG’s e população, são, todos eles, vectores que permitem a transversalidade do pensar-agir. Só após esta interiorização, que exige educação e humildade por parte dos decisores, se poderá avançar conscientemente e com objectividade.
Deste modo, verifica-se existir uma necessidade de ampliarmos a compreensão dos fenómenos naturais e das reais necessidades de interferência do homem sobre o meio ambiente que o rodeia. Para isso, é obrigatório reflectir a nível local, sobre todo o conhecimento adquirido ou a adquirir relativo a esta interdependência homem–ambiente. Universidades, ONG’s e população, são, todos eles, vectores que permitem a transversalidade do pensar-agir. Só após esta interiorização, que exige educação e humildade por parte dos decisores, se poderá avançar conscientemente e com objectividade.
Vem
isto a propósito das décadas de destruição do património ambiental no concelho
de Ovar. Destruição, porque o balanço ecológico foi negativo. As perdas ambientais
nunca foram compensadas. Senão vejamos:
O corte de árvores, em matas, do estado ou municipais, sem que tivesse havido lugar a novas plantações, fizeram com que a mancha florestal do concelho se tenha reduzido de forma substancial. O derrube, a pretexto do alargamento das vias e passeios, de árvores frondosas, substituindo-as por exemplares jovens tem retirado a sombra aos caminhantes e à paisagem o valor estético conseguido em anteriores gerações.
A destruição, sem justificação, da vegetação ripícola do rio Cáster, retirou a várias espécies da fauna, o abrigo e os locais necessários para criação. O desprezo pela limpeza dos diversos cursos de água que atravessam a cidade, tem impedido a regularização dos seus caudais e promovido a concentração de lixos, pastos e ratazanas.
O envelhecimento da cidade de Ovar, tem sido conseguido graças à falta de um plano estratégico para dinamização e embelezamento do casco antigo, para a recuperação dos seus prédios, das suas fontes, das suas fachadas em azulejo, e do demais património artístico degradado.
Também os modelos de jardinagem adoptados no município e que passam por um sistema de podas exageradas, que transformam esbeltas árvores em grossas estacas, têm conduzido à perda da qualidade estética das ruas e jardins.
A política de construção e reforço das muralhas de pedra, mar adentro, contribuiu para mais rapidamente se destruírem as praias próximas, já de si erodidas pela subida gradual do nível do mar.
A realização de obras secundárias ao longo das margens da Ria serviu para se protelarem outras intervenções de maior prioridade. De facto, as ciclovias, o melhoramento das praias e a recuperação dos cais podem ter representado um certo ganho no bem estar das pessoas mas não representaram seguramente um ganho na qualidade do ecossistema lagunar! A laguna, perante a inércia, foi-se transformando naturalmente, num pântano, uma vez que não se decidiu levar a cabo em tempo próprio aquilo que era mais importante, as dragagens dos seus canais.
Ora aqui está a grande verdade
sobre este Ano Internacional para o Entendimento Global (International Year of
Global Understanding, IYGU). Uma ocasião para um sério apelo dirigido ao bom
senso dos decisores locais, frequentemente desinformados, ou pior ainda, mal
formados sobre o que deve ser a gestão diária do património ambiental dos seus
territórios.
Fomentar a mudança de atitudes a
nível local contribuirá, sem dúvida, para uma mudança de atitudes a nível regional
e nacional, favorecendo o entendimento no que toca às diferentes políticas
ambientais. Este ano de 2016 constitui um apelo à mudança de atitudes a nível
local, mudança que deve passar por cada ovarense. Mas, tal como diz o ditame
popular, “o exemplo deve vir de cima”!
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