quarta-feira, 4 de outubro de 2017

4 de Outubro - Dia Mundial do Animal

Assinalar esta data poderia passar por uma abordagem aos animais nossos companheiros diários ou domésticos, como por exemplo, cães, gatos, coelhos, galinhas e pombos, bem como, ao próprio homem que deles usufrui. Mas hoje em vez dos cinco primeiros grupos citados tratarei de outras tantas espécies que se me afiguram mais pertinentes.

Com uma envergadura superior a 2,5 m, uma altura no garrote a rondar os 2 m e uma massa corporal próxima da tonelada (nos machos adultos), este bovídeo pertence à maior família de ungulados (mamíferos com cascos). Esta espécie outrora chegou a habitar, em grandes manadas, vastas regiões da Europa quando esta se encontrava coberta por extensas florestas caducifólias. 
Extinto do estado selvagem em 1919, o Bisonte-europeu (Bison bonasus) é actualmente uma espécie, com uma população de poucos milhares de indivíduos, que vivem em parques naturais, especialmente na Polónia, graças aos projectos de reintrodução a partir de animais provenientes de jardins zoológicos.




O gamo (Dama dama), parente do bisonte por ser também um ungulado e com um número par de dedos (ordem Artiodactyla) pertence, contudo, a uma outra família, a dos cervídeos, de menor envergadura e peso. Com uma pelagem acastanhada no Verão e acinzentada no Inverno, distinguem-se de outras espécies da família por apresentarem manchas brancas no dorso que lhe conferem um aspecto atraente. Os machos desta espécie possuem armações achatadas que se vão ramificando com a idade. De comportamento esquivo, necessitam de floresta mista ou caducifólia, com vegetação rasteira densa e clareiras adjacentes. 
Por todas estas características muito cedo desapareceram do estado selvagem na Europa, com excepção de pequenos núcleos muito localizados na bacia mediterrânica. Actualmente vivem e reproduzem-se em parques, como é o caso português, podendo ser alvo de reintroduções na natureza.




O Toirão (Mustela putorius) é um mustelídeo (grupo de carnívoros pequenos, frequentemente com menos de 1 Kg, corpo alongado e patas curtas sendo por isso muito ágeis e bons trepadores) que ocupa uma grande diversidade de habitats, vivendo em tocas escavadas ou em fendas de rochas. Predominantemente nocturno, caça ratos, coelhos, aves, lagartos e várias outras presas. Domesticado para a caça ao coelho deu origem ao furão (Mustela furo).
Devido ao hábito de matar para fazer reserva de alimentos e devido à sua dieta alimentar poder incidir, em caso de ausência de alimento natural, em animais domésticos é visto como uma espécie indesejada, sendo alvo de perseguições (armadilhagem, tiro, perseguição por cães). Animais feridos são frequentemente recuperados em parques se preparados para o efeito.




Correndo velozmente no solo ou trepando esquivo em torno dos troncos das árvores, o esquilo (Sciurus vulgaris), de pelagem arruivada é um roedor de hábitos diurnos cuja vida depende da existência de estratos arbóreos. Nos últimos anos apresentou uma expansão grande por toda a Europa colonizando novos territórios. Infelizmente, a elevada extensão de área florestal ardida em Portugal não permite que a espécie possa ter uma distribuição alargada no nosso país. Contudo, a existência de grandes parques com boas condições em termos alimentares e de habitats disponíveis, nomeadamente em centros urbanos, permite que os mesmos funcionem como núcleos de reprodução para a espécie e como pontos de dispersão para o meio ambiente natural.




O grou-comum (Grus grus) é uma ave, frequentemente ruidosa, de patas e pescoço compridos, bico direito e quando em voo assemelha-se às cegonhas voando, quer em círculos, quer em formações em V sobretudo durante as suas viagens migratórias, entre o norte da Europa, onde cria, até ao sul da Europa e norte de África, onde passa o inverno. Em Portugal a espécie pode ser observada nas planícies interiores alentejanas durante os meses de Inverno. Quando feridas e à semelhança de um grande número de outras aves de diferentes espécies podem ir parar a centros de recuperação de onde poderão sair em condições de voltar ao seu meio natural. 




Todas estas cinco espécies selvagens, aparentemente sem ligação entre si, inclusivamente porque a primeira não faz parte da fauna portuguesa, têm um denominador comum. O facto de há mais de três décadas beneficiarem no nosso país de um centro de recuperação notável, único no seu know-how técnico e merecedor do reconhecimento internacional. Este centro que sempre teve como principal objectivo o tratamento de animais feridos, capturados de forma ilegal e incapacitados,  para uma eventual e posterior libertação no meio natural, funcionou no Parque Biológico de Gaia.  

O Parque Biológico de Gaia, que bem soube estabelecer ao longo dos anos um conjunto de parcerias com outros parques do mundo e que bem soube conjugar nas suas instalações diferentes valências promotoras da conservação, educação e turismo ambientais, impôs-se como projecto de referência não só em Portugal  como noutros países do mundo. 

Recentemente de visita ao parque, após uma ausência de vários meses, fiquei surpreso com um certo estado de abandono revelado no mesmo. E porque estes sinais captados logo num contacto inicial normalmente indiciam algo de errado procurei informar-me. Surpreendentemente me disseram que o "director já não dirige". Como assim? É verdade. Ninguém sabe muito bem o que por ali se passa, mas o Parque já não é o que era. O Director está impedido de continuar a fazer o seu excelente trabalho!
Os meus receios pareciam confirmar-se. Pena minha, que vi crescer aquele parque e conhecia os projectos que o mesmo tinha para o futuro, sempre no sentido da promoção da biodiversidade em Gaia. 

E é aqui que entra a sexta espécie da minha lista. Muito mais complexo que as espécies anteriores, o homem, esse ser vivo social, deve ser um construtor do bem comum, enquanto ser inteligente e cônscio do seu dever de colocar todas as suas capacidades ao serviço da comunidade que o rodeia. Felizmente a maioria dos indivíduos desta espécie animal serão assim. Outras vezes, contudo, alguns indivíduos ao assumirem uma atitude míope, de menosprezo pelo bem comum, por não suportarem tudo aquilo que é belo, harmonioso e nobre, promovem a  destruição de forma gratuita e prepotente dos progressos alcançados. E simplesmente porque sim.  

Requiem pelo Parque Biológico de Gaia? 
Aguarde-se para ver.

segunda-feira, 5 de junho de 2017

5 de Junho - Dia Mundial do Ambiente

Aproveitemos o dia para celebrar o fim (pelo menos para já!) dos últimos atentados ambientais cometidos na nossa terra. A aproximação do início da época balnear veio pôr termo a uma "operação negra" de pretensa despoluição da Barrinha de Esmoriz.


Durante várias semanas a água sobrecarregada de resíduos tóxicos, químicos e orgânicos, foi bombeada através de tubagens desde a lagoa até ao esporão frontal à praia e  despejada directamente no oceano! 

É vulgar ouvir dizer que o oceano, de tão imenso que é, tem capacidade para "diluir" tudo ou quase tudo .... Mas será mesmo verdade? Claro que não! Mas por cá, para os nossos especialistas em intervenções litorais, o assunto não se revela problemático .... e assim há que poluir à vontade de consciência limpinha. 

E é assim que mais uma vez assuntos como poluição deliberada e intervenções sensacionalistas pré-eleitorais, são colocadas todas no mesmo saco. Um saco obscuro.....em que ninguém é "chamado à pedra" por estes crimes ambientais cometidos .....

E daqui a uns quatro meses como continuará este folhetim? Prosseguirá este crime ambiental de livre poluição do oceano? Continuará viva a ideia de enterrar dinheiro no areal de Esmoriz com a construção da segunda via do emblemático dique fusível? 

Na passagem de mais um 5 de Junho ficam dois alertas. Não se esqueçam (entidades responsáveis) que:

- mesmo no Inverno o oceano e as nossas praias têm o direito a estarem limpas! Com os diabos ... o lixo da Barrinha pode não ser lixo nuclear mas o que é nuclear é que um estado comprometido com tantas directivas europeias saiba ter intervenções ambientais sustentáveis!

- especialmente durante o Inverno o oceano não tem contemplações com projectos que não têm em conta a dinâmica litoral própria deste sector litoral.


Bom trabalho!

sábado, 22 de abril de 2017

Dia Mundial da Terra


Anualmente celebra-se nesta data o Dia Mundial da Terra, como forma de promover a preservação do planeta e a sustentabilidade ambiental, sendo o tema escolhido para este ano a "Instrução Ambiental e Climática", com o objectivo de debater temas como:

- aumento da temperatura global da Terra
- extinção de espécies animais
- aumento do nível dos oceanos
- escassez de água potável
- maior número de catástrofes naturais (tempestades, ondas de calor, secas,...)

Pois ao nosso nível local continua a ser necessária muita literacia ambiental para que os dirigentes ovarenses ponham em prática as recomendações dos organismos internacionais, que obviamente desconhecem. 

Acções nada consistentes com a preservação ambiental, como aquela que está a decorrer na Barrinha de Esmoriz, uma dúzia de anos após uma vergonhosa e similar intervenção, denotam mais uma vez total desprezo e irresponsabilidade pelos mais elementares princípios da conservação dos frágeis ecossistemas costeiros.








Recordemos as lições do passado de modo a evitar a repetição de erros no presente e deste modo salvaguardarmos, no futuro, não mais um postal ilustrado da vaidade política caseira mas antes o ecossistema costeiro conhecido por uns como Barrinha de Esmoriz e por outros como Lagoa de Paramos, mas indiscutivelmente uma importante Zona Húmida de Portugal.

sexta-feira, 3 de março de 2017

A propósito do Dia Mundial da Vida Selvagem


A 3 de Março comemora-se o Dia Mundial da Vida Selvagem, proclamado pela Organização das Nações Unidas, em 2013. Este foi o dia em que foi assinada a Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e da Flora Selvagem Ameaçadas de Extinção (CITES).

Vida Selvagem pressupõe, antes de mais, assegurar a continuidade de ecossistemas naturais ou semi-naturais, como sejam as lagoas costeiras, importantíssimas na fixação de populações de mamíferos, répteis, anfíbios e sobretudo, pelos elevados números, aves. Este último grupo animal encontra nas lagoas costeiras, nomeadamente naquelas que se localizam sobre a faixa litoral, importantes locais de passagem, descanso, abrigo, nidificação e alimentação.


Foi assim durante muitos anos na Barrinha de Esmoriz .... mas, a curto prazo, a situação poderá mudar drasticamente caso a autarquia não consiga promover juntamente com a POLIS o equilíbrio entre a componente lúdico-turística e a componente da vida selvagem.


A este propósito e como curiosidade, a Câmara de Ovar eleita nas eleições desse 2013 em que foi assinada a convenção atrás referida, na pessoa do seu presidente, teve uma reunião técnica específica para a abordagem do tema da valorização dos espaços naturais do concelho e nomeadamente da Barrinha de Esmoriz. Tendo ficado de avaliar as propostas então apresentadas ...... até hoje ....  aguardemos pelos resultados!


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Plataforma 2 : adrenalina on-top!

Há cerca de dois anos e meio escrevi sobre a estação de caminhos-de-ferro de Ovar, não só para chamar a atenção do aspecto dantesco que então ofereciam os escombros das antigas oficinas ferroviárias mas também e sobretudo pelo perigo que a plataforma 2 (que serve de apoio aos passageiros que viajam no sentido do sul), pela sua reduzida largura, representava para a segurança pública. Estas duas situações, em meu entender, requeriam soluções enquadradas num projecto de correcção do traçado da linha férrea ao passar pela cidade de Ovar. 

Desde há dois anos e meio que muita coisa mudou no mundo e por cá também...quanto mais não tivessem sido as cores e as caras dos "políticos da casa"! Mas a estação de caminhos-de-ferro de Ovar continua infelizmente na mesma, apesar de uns muros e umas chapas colocados na tentativa de esconder ingloriamente aquela trapalhada toda.  






Na verdade, a estação de Ovar continua desmazelada e perigosa! Nem a luz acobreada do sol nem os graffitis lhe valem. Será que é pelo facto dos políticos mudarem de cor mas lá no fundo continuarem a preocuparem-se sempre com o mesmo objectivo (realizarem apenas obras de curta duração e de show off para ganharem os votos de uma próxima eleição)?   


O facto da estação de Ovar se situar dentro de uma "barriga" da linha férrea é só por si motivo de grande preocupação pois a aproximação visual de comboios sem paragem na estação é repentina e perigosa. Tão pouco o som das campainhas das passagens de nível mais próximas é suficientemente audível em certos momentos (maior ruído ambiente, direcção do vento, ...).




Volto a insistir, como o fiz no passado, que é muito importante diligenciar junto do poder central no sentido de uma intervenção urgente na estação de Ovar, nomeadamente ao nível da linearização do traçado da via (linha a vermelho) e de alargamento da estação com passagens seguras entre plataformas (área limitada a amarelo).






Outra questão da maior importância tem a ver com a reduzida largura das plataformas.

A largura da plataforma 1 é de cerca de 2,5 metros mas quando as carruagens de mercadorias, que parecem não acabar, passam a alta velocidade.... é isto.....





Problema ainda de maior dimensão prende-se com a reduzida largura da plataforma 2 que serve as linhas 2 e 3. Em frente à estação a referida plataforma tem pouco mais de 2 metros! 






A reduzida dimensão da plataforma põe em perigo os utilizadores da mesma sobretudo aquando da passagem de comboios de alta velocidade (intercidades, alfas e comboios de mercadorias). 




À passagem destes comboios a deslocação do ar é de tal forma grande que pode facilmente provocar a perda de equilíbrio dos utentes que aguardam na plataforma 2 e consequentemente uma queda para a linha.  Resultado certo será assim o acidente mortal!





Sobretudo aos Domingos de tarde são inúmeras as famílias de Ovar e arredores que se despedem de filhos, outros familiares ou amigos que viajam nos comboios intercidades no sentido de Aveiro, Coimbra, Lisboa..... Há carruagens que só param para norte da passadeira que liga as plataformas 1 e 2....e então o problema da largura da plataforma 2 agudiza-se ainda mais, pois a sua largura passa para pouco mais de 1 metro ..... e entretanto o comboio sempre a travar ainda não parou.....é preciso coragem para estar especado nessa plataforma à espera que o comboio imobilize.....o melhor mesmo é malhar (saltar) para a linha 3 não vá o diabo (que alguns dizem que anda por aí) tecê-las.... um verdadeiro exercício de stand-up, pois é preciso voltar a subir a plataforma para embarcar....o comboio não espera muito tempo .... 

Pois é! Mas não é com "malhanços" destes que Ovar vê melhorada a segurança e a qualidade de vida dos seus cidadãos …. e não podemos continuar a confiar na sorte que até aqui tem evitado consequências mais graves!
Este grande barco que é a cidade sede do concelho precisa de quem, com  experiência, clarividência e rasgo, queira apostar no desenvolvimento de obras estratégicas, ao invés de intervenções avulsas, como que puxadas da cartola, meramente pró-voto! 


ps. este apontamento não é ficção. Como utilizador desta plataforma 2, nomeadamente ao domingo de tarde, informo que o texto só peca por não ser capaz de transmitir de forma ainda mais "viva" a sensação de insegurança e perigo experimentadas in loco. 



domingo, 1 de janeiro de 2017

2017 - Ano Internacional do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento

A Organização das Nações Unidas (ONU) declarou 2017 como o Ano Internacional do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento, como uma forma de reconhecimento da importância do turismo na aproximação dos povos, no intercâmbio de culturas e na preservação das heranças civilizacionais, de forma a fortalecer as relações entre as nações e a promover e estimular os esforços de paz no mundo.

Esta iniciativa, como aliás outras celebradas em anos anteriores, surgida da Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio + 20), representa uma oportunidade para as actividades turísticas nacional, regional e local se enquadrarem cada vez mais e melhor no desejável desenvolvimento social, económico e ambiental de cada região e do país.

Por cá, na nossa cidade de Ovar, adormecida no tempo pela inércia de alguns dos seus últimos governantes, estagnada há várias décadas do ponto de vista da sua dinamização comercial e ultrapassada na sua importância e influência territorial face a outros concelhos limítrofes, urge uma mudança. Uma mudança pela valorização dos seus recursos, não só do carnaval e do pão-de-ló, mas também e sobretudo, dos nossos recursos ambientais, como sejam as nossas paisagens campestres, florestais, a nossa ria e o nosso mar. Mas neste particular, valorizar a ria e a costa não pode passar, como tem sido um habitué nestas últimas Câmaras, por intervenções avulsas, desajustadas e sem lógica, muito mais reflexo de vaidades pessoais do que propriamente de projectos devidamente estudados e estruturados. 



2017 chegou, pedindo-nos mais e melhor para se conseguir avançar no nosso desenvolvimento, recorrendo para isso à prática de um turismo de qualidade. Promover o turismo sustentável para o desenvolvimento do concelho de Ovar terá obrigatoriamente que passar pela escolha cuidada dos seus dirigentes, de forma a garantir no futuro o desenvolvimento de todas as suas freguesias (e não apenas daquelas que dão mais votos!) nas suas diferentes vertentes, social, económica e ambiental.


E é assim que, neste início de Ano Novo, não há motivos para que haja lugar a foguetes e honrarias, porque há praticamente tudo para fazer e outro tanto para refazer…… 


(artigo publicado na Revista Reis, n.º 51, 2017)