sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Irrequietos aprovisionadores


 



O Outono entrou suave, mas depressa a estação evoluiu para os rigores que caracterizam o Inverno que há-de chegar.




Enquanto nos campos a terra, lavrada e adubada, está pronta para acolher a sementeira do trigo, da aveia, da cevada e do centeio, depois dos sóbrios milheirais se terem transformado em mera recordação ... 



... no bosque próximo, os carvalhos, castanheiros e alguns sobreiros presentes deixam tombar sobre o solo ouriços e bolotas, ...



... verdadeiros petiscos gourmet para uma diversidade de seres, que diariamente "brincam às escondidas" por entre ramos, folhas e troncos, como é o caso do gaio (Garrulus glandarius).



Um outro, desses seres florestais, icónico pelo seu aspecto gracioso e comportamento vivo, é o esquilo-europeu, comum ou vermelho (Sciurus vulgaris), o único esquilo arborícola nativo da Europa. 




Neste simpático animal sobressaem a pelagem, maioritariamente castanha-avermelhada no Verão, as partes inferiores brancas, uma cauda farta e uns olhos grandes e expressivos.



Contudo, a partir de agora e durante todo o Inverno os tons são mais acinzentados e as orelhas estão terminadas por pincéis de pêlo.



Este roedor, depois de ter passado o estio num estado de grande inactividade, devido às elevadas temperaturas, está agora em plena laboração, procurando insistentemente o alimento que irá aprovisionar, antes que chegue o Inverno.




Quando as temperaturas diminuírem manter-se-á abrigado, sem contudo entrar em hibernação, nalgum dos seus ninhos, frequentemente adaptados de  velhos ninhos de pega ou gaio. 


É assim, que podemos vê-lo a descer desembaraçadamente um tronco de cabeça para baixo ...




... e no solo, dando pequenas corridas, umas atrás das outras, em busca dos preciosos frutos das caducifólias e das sementes dos vários pinheiros que por lá também ocorrem.



Outras vezes, nomeadamente quando assustado, sobe rapidamente o grosso tronco, esgueirando-se pelos ramos até atingir o topo da árvore. Desta, saltará facilmente para a vizinha, ajudado pelo balanceio da cauda, desaparecendo momentaneamente à vista.



Quando se sente tranquilo senta-se num ramo baixo dalgum castanheiro ou carvalho, com a cauda elevada a tapar-lhe a cabeça, roendo com frugalidade nozes, avelãs, bolotas, sementes, pinhões, cascas de frutos, tubérculos, fungos, insectos, ovos, etc. Enfim, eclético também na alimentação.



O esquilo-comum tem hábitos diurnos. Embora se deixe observar com relativa facilidade ao longo do dia, apresenta no Verão uma maior actividade após o alvorecer e antes do anoitecer, enquanto no Inverno apresenta apenas um pico de actividade matinal.

Ao final da tarde é habitual deslocarem-se até aos charcos mais próximos para se saciarem, antes que a noite chegue e se recolham ao ninho.



 

O esquilo é um animal muito territorial, pese embora, não apresentar grande agressividade, inclusive durante a ampla época de reprodução, que se estende de Janeiro a Agosto. Tem em geral 3 a 4 crias por ano.

Além dos predadores naturais, como as aves de rapina florestais e os mustelídeos, o esquilo-vermelho é caçado por cães e gatos domésticos. A sua postura de defesa consiste em saltar para o lado do tronco oposto ao perigo e manter-se imóvel, agarrado ao mesmo.




Perante tal explosão de vida, não haverá, pois, quem fique indiferente a este pequeno e ágil acrobata que povoa os nossos bosques.




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