(continuação)
O final de Novembro, é um momento especial para a natureza.
É o período do ano em que a magnífica palete de cores outonais começa a soçobrar, acabando por desaparecer do arvoredo.
É então, que os ramos despidos deixam a descoberto alguns dos seus inquilinos, como o eclético melro-preto (Turdus merula), ...
... enquanto no verde rasteiro, outros vorazes especialistas em vermes e insectos, como a alvéola-branca (Motacilla alba), deambulam em correrias frenéticas.
Depois do tempo chuvoso e relativamente ameno das primeiras semanas de Novembro, chega o frio, que irá acertar definitivamente o calendário biológico dos seres vivos nesta aproximação ao Inverno.
O ar carregado de humidade arrefece muito durante a noite, provocando a condensação do vapor de água e a consequente formação de neblinas.
As manhãs, acordam assim.
No parque, a vida parece ressuscitar quando a bruma se levanta. Ouve-se, então, o canto aflautado do melro-preto e os roucos chamamentos do gaio (Garrulus glandarius) enquanto esvoaça rapidamente de uma grande árvore para outra não menos imponente.
Os campos encharcados que envolvem a cidade são ponto de atracção para a narceja-comum (Gallinago gallinago), que bem passa despercebida graças ao mimetismo da sua plumagem.
Por aqui, também abundam alvéolas-cinzentas (Motacilla cinerea)...
... e petinhas-dos-prados (Anthus pratensis), ambas dando caça aos insectos escondidos nas ervas.
Gralhas-pretas (Corvus corone corone) caçam ratos, pequenas aves e invertebrados, não desprezando carcaças, grãos e insectos.
À marisma continuam a chegar hordas de migradores, empurrados pelo frio e neves do norte. Patos, são cada vez mais, como as marrequinhas (Ana crecca).
Também a presença de alguns gansos-comuns (Anser anser), enriquecem a biodiversidade destas zonas húmidas.
O frio também arrasta na migração os predadores, que aqui se instalam para passar o Inverno. As águias-pesqueiras (Pandion haliaetus) avistam-se com frequência em actividade no interior da marisma.
Às rapinas migradoras juntam-se as residentes, como o pequeno peneireiro-de-dorso-malhado (Falco tinnunculus), especialista em caçar ratos-do-campo e ratazanas.
Na areia da praia, agora com o mar a dar alguma acalmia, pilritos-sanderlingos (Calidris alba) correm velozmente atrás dos pequenos camarões trazidos pelo último espraio...
... enquanto, do cimo da berma arenosa, o ostraceiro (Haematopus ostralegus) observa, imponente, as melhores oportunidades para também obter alimento.
O bosque, ensopado de água sobretudo nas zonas depressionárias, está repleto de insectos, que se sentem no ar e na pele, sobretudo de manhã cedo e ao cair da tarde.
É também nas proximidades do bosque, que as águias-de-asa-redonda (Buteo buteo) espreitam, pousadas nalgum ponto destacado, os movimentos descuidados das suas presas.
O frio parece ter vindo para ficar, mesmo com o retorno da chuva, que embora caindo ao de leve, volta a molhar a natureza, já de si muito ensopada.
Enquanto isso, a natureza evolui ao sabor dos diferentes condicionalismos climatéricos.
Sem comentários:
Enviar um comentário