Apesar do momento terrível que a humanidade atravessa e que nós ovarenses vivemos de forma muito intensa há sempre alguns acontecimentos que nos dão alguma alegria e esperança para os dias futuros.
Alegria, também, perante a beleza que a natureza nos continua a brindar dia-a-dia e a esperança de que os maus momentos experimentados por todos nós sirvam para melhor sabermos valorizar a vida em todas as suas dimensões, nomeadamente a diversidade de ecossistemas, que traduzem em última estância a grande riqueza do nosso planeta.
Vem este pensamento a propósito da chegada de mais uma Primavera e de todo o esplendor e magia associados a esta estação do ano. É que a Primavera faz encher os campos até então sombrios de flores multicoloridas, veste de verde as árvores nuas das cidades, traz chilreantes andorinhas aos beirais das nossas casas e entre outros mais, permite que delicadas borboletas esvoacem perante os nossos olhos encantados!
Cada nova Primavera é sempre uma Primavera de novidades.
Cada nova Primavera é sempre uma Primavera de novidades.
Há dois anos atrás a Primavera trouxe à nossa cidade um novo casal de cegonha-branca (Ciconia ciconia) que souberam aproveitar um tronco doente de uma palmeira para aí construírem o ninho e realizarem a criação do ano. Foi com tristeza, contudo, que um ano depois se constatou que essa árvore havia sido cortada impedindo para sempre a nidificação destas aves nesse local em Primaveras subsequentes.
Mas a natureza é rica em oportunidades e quase sempre as espécies selvagens conseguem adaptar-se em tempo útil a novas situações. Também neste caso da cegonha-branca assim aconteceu. Corroborando o que diz o adágio popular de que "sempre que se fecha uma porta, abre-se uma janela", no corrente ano um novo casal desta espécie (ou quiçá o casal despojado da sua palmeira!) ocupou uma nova atalaia para aí instalar o ninho. E que atalaia! Atalaia bem alta, bem no centro da cidade de Ovar.
Quase como que a desafiar que desta vez será pouco provável que dali sejam desalojados!
Quase como que a desafiar que desta vez será pouco provável que dali sejam desalojados!
Muito interessante observar, embora a mais de meio quilómetro de distância, a vida destas aves.
A labuta diária naquilo que parece ser a vontade de construção de um ninho.... as inúmeras viagens feitas pelo casal para obtenção das ramagens e paus que transportam nos seus poderosos bicos...
A labuta diária naquilo que parece ser a vontade de construção de um ninho.... as inúmeras viagens feitas pelo casal para obtenção das ramagens e paus que transportam nos seus poderosos bicos...
.....a forma como parecem seleccionar, naquela alta estrutura metálica, o melhor sítio onde assentar o ninho ......
...aqueles outros em que tiveram de defender o ninho perante a investida de um outro casal, ávido também por aquele "apartamento com tão boas vistas"...
Tem sido assim, durante as duas últimas semanas de Março, a Primavera para este casal de cegonhas-brancas a viverem nas alturas e ao ritmo das suas vidas, indiferentes às preocupações dos ovarenses a viverem cá mais por baixo a um ritmo estranhamente diferente do habitual.
* o texto e as fotos foram produzidos cumprindo na íntegra o período de quarentena imposto pela pandemia do Covid-19.
(este texto virá a ser publicado no quinzenário ovarense João Semana, de 1/6/2020)
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