quinta-feira, 4 de maio de 2023

A grande colónia ! (II)

 





(continuação)


A colónia instalada no pântano reúne várias espécies de garças, aves que formam a família Ardeidae

Além das espécies anteriormente referidas, a colónia é constituída, também, por garças-brancas-pequenas (Egretta garzetta), que aqui, exploram os nichos inferiores do arvoredo, muito próximos da água.




Quando estas aves atravessam o pântano no seu elegante voo, são inconfundíveis pela brancura da plumagem e pelo bico e patas negras com dedos amarelos, bem projectados do corpo.




A radiação solar é cada vez mais intensa. Talvez seja por isso, que a colónia parece estar muito mais agitada. Sobretudo, no que respeita às garças-boieiras! 

Estas, quando não estão a desparasitar-se, fazendo-o de uma forma até algo brusca ...



... estão a vocalizar insistentemente, ao mesmo tempo que esvoaçando em torno dos ninhos. As garças-reais, porém, parecem ignorá-las.



Enquanto se escrutinava os movimentos dos ardeídeos, o olhar passou por algo que o fez recuar de imediato. Dissimulada por entre a vegetação encontrava-se, junto do seu ninho, uma outra espécie da família, de envergadura similar a um goraz; a garça-pequena (Ixobrychus minutus).




Esta garça estival, que prefere esvoaçar baixo por entre os canaviais em vez de realizar voos abertos, assume posturas de uma tão grande imobilidade que se torna extremamente difícil descobri-la.



Como acontece normalmente, uma colónia de garças não é formada exclusivamente por membros desta família. A colónia, sendo uma estrutura orgânica vantajosa para qualquer dos seus membros, capta o interesse de outras famílias de pernaltas, também elas pertencentes à mesma ordem zoológica (Ciconiiformes).

Duas das espécies que habitualmente se associam às garças são o colhereiro (Platalea leucorodia) e a íbis-preta (Plegadis falcinellus)E esta colónia não foge à regra.


É sobretudo na parte central da colónia que se encontram os numerosos ninhos de colhereiros, essa bela ave possuidora de um comprido bico negro com a extremidade em forma de espátula amarela. 




O seu ninho, bastante robusto, é bem melhor trabalhado que o da garça-real...





... com quem chega a partilhar uma vizinhança próxima.






Os colhereiros são aves que dedicam bastante tempo ao cuidado da sua alva plumagem, que no período reprodutor adquire um farto penacho na cabeça e uma mancha acobreada no peito. 



Quando não cuidam da plumagem encontram-se em constante actividade, saindo do ninho, esvoaçando sobre o mesmo, para logo, sobre ele descerem. Um comportamento algo frenético, comum, como se viu, a outras espécies de aves da colónia.




Terminada a sua migração desde as planícies africanas, chegou há algum tempo à colónia a garça-vermelha (Ardea purpurea), que ao contrário das espécies anteriores, nidifica predominantemente no solo, por entre os caniços (Phragmites sp.) e juncos (Juncus sp.). 

Embora os seus ninhos não se consigam descortinar, elas pelo contrário, cruzam regularmente os ares, imponentes e belas, justificando a razão porque também são designadas de garças-imperiais. 






(continua)


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