sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Cotovias: princesas da estepe cerealífera

 






Há pássaros que vivem, quase sempre, no solo. As árvores não representam para eles um habitat imprescindível. Entre eles contam-se os Alaudidae, uma família de pequenas aves, acastanhadas, maioritariamente dispersas pelo sul da Europa e norte de África, que nidificam no solo e que têm o hábito de cantarem, frequentemente, durante o seu ondulado voo.

As cotovias pertencem a este clã. E entre elas destacam-se duas, especificamente distintas, mas visualmente muito semelhantes. A cotovia-de-poupa e a cotovia-montesina. 

O prolongamento de um clima de seca e de elevadas temperaturas durante as duas primeiras semanas de Outubro permitiu continuar a observar um comportamento muito activo por parte destas duas espécies de aves.


A cotovia-de-poupa (Galerida cristata), de cor acastanhada com riscas difusas no peito e dorso apresenta uma poupa pontiaguda e um bico claro, proporcionalmente comprido e com a mandíbula inferior direita.  




Além de ser presença constante nas terras áridas do sul da península e norte de África tem uma distribuição ampla para norte, incluindo alguns pontos do litoral, onde é vista a procurar alimento, por entre corridas apressadas, ao longo de estradas, docas, linhas de caminho-de-ferro e outros espaços pedregosos abandonados. 




O seu canto alto, contínuo e feito de assobios variados, é emitido geralmente em voo, pese embora, durante a época de reprodução nunca enjeite o cimo de um penedo para destacar a sua presença.





A cotovia-montesina (Galerida theklae) é uma ave com hábitos estepários mais vincados do que a espécie anterior. Difícil de se distinguir no campo da cotovia-de-poupa apresenta um bico proporcionalmente mais curto, mais escuro e com a mandíbula inferior ligeiramente arqueada.




O riscado do dorso e peito, mais finos do que na cotovia-de-poupa, apresentam-se também melhor definidos. O canto é semelhante ao desta espécie, embora entoado de uma forma mais melodiosa.






Ambas as espécies alimentam-se de insectos e sementes, que buscam por entre o restolho e as pedras. 

Ora, com estas temperaturas altas, os insectos marcaram também presença em números elevados e os grãos secos caídos no solo também ajudaram a uma boa disponibilidade alimentar. É assim que vai indo o Outono, decorridas três semanas.




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