terça-feira, 29 de julho de 2025

Vida para além da morte (I)

 




 

A floresta é um mundo extraordinário! 

Mundo, onde um número incomensurável de viventes se escondem por entre folhas, troncos e ramos, sempre pintados por uma luminosidade coada. 



Este mundo extraordinário desenrola-se e sobrevive graças a um outro, não menos assombroso, que por ter uma existência ao nível do subsolo não está sujeito ao complexo jogo de sombras que a floresta oferece. Neste novo mundo, a escuridão é total.



Absorvendo o dióxido de carbono existente no ar, a água e os sais minerais existentes no subsolo, alguns dos inquilinos desse mundo superficial, como as árvores, crescem numa competição pela altura e pela luz solar directa, .....



.... enquanto outros, como a vegetação rasteira, estendem os seus caules na horizontal, de modo a ocuparem a maior superfície possível evitando serem sufocadas por outras espécies. 



Outros ainda, como os fungos e os líquenes,  formam associações simbióticas com espécies animais e plantas vivendo tanto no solo como nos troncos.



A floresta é, pois, um mundo assombroso, onde esta comunidade silenciosa e de grande imobilidade, garante lar, alimento e abrigo a uma outra comunidade que prima pelo movimento e pelos sons, sejam estes sussurrantes ou clamorosos.  




A floresta vive, deste modo, de variadíssimas interacções. 

Interacções entre reinos. O vegetal, o animal e esse outro não menos mágico onde se incluem os decompositores. 

Os seres da floresta nascem, crescem, reproduzem-se, envelhecem e morrem, cumprindo, assim, o ciclo inevitável da vida e da morte. 


Só que a morte neste mundo fantástico constitui o impulso decisivo que dá lugar a novas vidas.

De facto, sempre que as células falecem e os seres vivos tombam no solo florestal, entram em jogo aqueles outros intervenientes, aqueles que integram esse terceiro reino. Um reino de seres, que de uma forma ou de outra, conseguem decompor ossos, pêlos, penas, tecidos e células. 



Tudo convertido em água, dióxido de carbono, sais minerais e energia. 

Sais minerais que dissolvidos na água entrarão de novo em circulação, permitindo a manutenção do impulso vital.

Todos estes nutrientes libertados no solo e na água serão absorvidos em primeira instância pelos produtores (plantas) e mais tarde integrados nos consumidores (animais).

Processo quase invisível mas de existência imprescindível!

  

(continua)


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