quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Mais pedra para quê?


Para erodir ainda mais a linha de costa a sotamar dos esporões e dos enrocamentos? (repare-se na imagem do sul do Furadouro)
Ou será para alimentar os lobbies envolvidos nesta negociata das pedras?

Aquilo de que a costa portuguesa precisa, na realidade, é ... AREIA. Ou então, em alternativa (essa sim económicamente mais vantajosa), que não a ocupem!
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Artigo no Jornal Público de 16/12/08:
Especialista em zonas costeiras contesta utilidade da "colocação de mais pedregulhos" no litoral de Ovar
Sara Dias Oliveira

A As obras de defesa da costa de Ovar já arrancaram com o objectivo de reparar seis esporões a norte e a sul das praias de Esmoriz, Cortegaça e Furadouro. As reparações das defesas entre o esporão norte de Esmoriz e o esporão norte de Cortegaça, numa extensão de dois quilómetros, e a sul do esporão sul do Furadouro, ao longo de 100 metros, estão também nos planos da empreitada que está a cargo do Instituto Nacional da Água. As máquinas estarão no terreno durante 15 meses e o investimento ronda os cinco milhões de euros, mas a obra não é pacífica. Álvaro Reis, mestre em zonas costeiras e residente em Ovar, defende que o combate à erosão passa por injectar areia nas praias e não por colocar mais pedra na costa vareira. "Estou bastante preocupado com as obras. É mais do mesmo, reparar e manter as obras em pedra, o que é errado", afirma. "Na minha opinião, a alimentação das praias com areia, que se poderia ir buscar a vários locais das zonas portuárias, seria a solução", acrescenta. Retirar alguma areia ao mar, bem junto à praia, é também um dos caminhos que aconselha. "A obra que vai ser feita, ao longo desse troço da costa de Ovar, é em tudo semelhante ao que já foi executado, é voltar a colocar pedregulhos sob a forma de esporões", constata o ambientalista ligado à Quercus. Álvaro Reis, autor de vários livros sobre o avanço do mar e a protecção das zonas litorais, como A Praia dos Tubarões - Ordenamento e Gestão da Orla Costeira, avisa que é necessário seguir um de dois trajectos: "Ou as pessoas têm a coragem de, de uma vez por todas, abandonar o litoral e deixar o mar subir e avançar, ou defende-se esse território e coloca-se o que lá faz falta, ou seja, areia". O presidente da Câmara de Ovar, Manuel Oliveira, está satisfeito com o arranque da empreitada, mas recusa pronunciar-se sobre a opção técnica. "Não gosto de teorizar sobre questões que desconheço. Para nós, o que é importante é que a resposta, seja ela qual for, seja eficaz." "Para já, interessa-nos salvaguardar e acautelar a segurança de pessoas e bens", reforça. O autarca garante que a obra de defesa da costa "é prioritária" e lembra que tem vindo a ser reclamada há bastante tempo pela câmara.

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