O turismo no concelho de Ovar
poderá constituir-se como um factor de desenvolvimento local caso o mesmo seja
entendido pela autarquia como uma prioridade na sua agenda política. Com
excepção dos desfiles de Carnaval, porventura suficientemente conhecidos em
Portugal e além-fronteiras, todas as outras iniciativas culturais (festivais de
música, literários, de teatro, exposições, etc.) necessitam de uma bem maior
divulgação nacional e internacional. Se o Turismo Cultural / Urbano é um vector
a optimizar no concelho de Ovar, o Turismo de Natureza / Turismo Rural é um vector a implementar, pois ainda nada se fez
de significativo neste campo.
Turismo Natureza / Turismo
Rural
Nesta vertente proponho um
conjunto de ideias que podem conjugar o desporto de aventura com a fruição dos
espaços naturais, desde que seja garantido o respeito pela natureza,
evitando-se afectar as áreas de maior sensibilidade ambiental. Considero ser imprescindível
criar Trilhos de Pequena Rota (PR) que abranjam as diferentes freguesias
do concelho. Nesse sentido proponho a existência de 5 percursos:
·
PR1 Ovar/Furadouro/Maceda (mata)
·
PR2 Ovar/Sr.ª de Entráguas/ Puchadouro/ Moita/Marinha/Ribeira/Tijosa
·
PR3 S. João de Ovar / S. Vicente
·
PR4 Arada/Maceda Interior
·
PR4 Cortegaça / Esmoriz Litoral
·
PR5 Válega Interior
Como complemento deverá ser criado um Trilho de Grande
Rota (GR) com abrangência inter-freguesias aproveitando sectores
pertencentes aos 5 PR’s.
É ainda desejável que, finalmente,
se proceda ao levantamento dos moinhos de água disseminados pelo concelho e que
se recuperem os mesmos (ou os mais adequados), para servirem de Unidades de Alojamento
Local inseridas em meio rural (Turismo Rural).
O Turismo Ambiental/de Natureza
precisa de ecossistemas equilibrados pelo que é fundamental dar uma grande
atenção à Ria de Ovar, à zona costeira e aos parques e jardins do concelho.
No que respeita à Ria, é
fundamental a valorização ambiental da Foz do Cáster/ Moitas (Área que já devia
estar Protegida há muito!) para observação da Vida Selvagem; deveria ser
instalado nesta região (no Enxemil ou no cais da Ribeira de Ovar) o ‘Centro de
Interpretação da Ria’, destinado à divulgação dos recursos naturais da Ria e
dos projectos a ela associados.
Um pouco à semelhança dos PR’s
deveriam ser criados passeios turísticos em embarcações típicas (moliceiros,
mercantéis ou bateiras) entre os cais da Ribeira, Tijosa, Puchadouro e
Carregal.
No que respeita à zona costeira
também é importante a criação de dois ‘Centros de Interpretação do Litoral’ a
funcionarem nas praias do Furadouro e de Esmoriz, destinados a divulgar os
recursos naturais do nosso litoral, as ameaças que sobre ele pesam, bem como,
as estratégias usadas na conservação deste ecossistema.
Deviam ser criadas visitas
guiadas pelas margens da Ria de Ovar, mata de Maceda, Parque do Buçaquinho e
praias do concelho para observação da fauna, da flora, da erosão e da protecção
dunar implementada.
É importante a criação do ‘Circuito dos Parques e Jardins’
de Ovar (jardim Garret, dos Campos, de S. Miguel, ….. Parque Urbano, do
Buçaquinho,…). Um circuito onde o visitante terá informações sobre a origem,
objectivos, espécies vegetais presentes, etc.
Turismo Cultural
No que respeita ao Turismo Cultural, devem ser criados os
“Festivais de Ovar” (cada um com uma semana de duração) assentes nas três
componentes geográficas: ria, terra e mar.
Cada um destes festivais deveria ter na sua organização a
participação de diferentes grupos folclóricos do concelho e cada um deveria
englobar actividades específicas (repetidas em diferentes dias da semana)
demonstrativas e relacionadas com cada um dos temas, tais como por exemplo:
1) Festival da Ria (início do Verão):
moliçada; pesca lagunar; folclore da beira-ria; barraquinhas do peixe,
restaurantes aderentes com menús especiais (enguias), etc.
2) Festival do Campo (Outono):
desfolhada; folclore campestre; feirinha das hortas, circuito Dinisiano,
restaurantes aderentes com menús especiais de frutas, carnes e hortícolas, etc.
3) Festival do Mar (integrador das
Festas do Mar de Ovar, Cortegaça e Esmoriz): saídas para o mar; funcionamento
da lota; manutenção dos aparelhos de pesca, folclore marítimo, restaurantes
aderentes com menús especiais de pescado, etc.
Ainda no que se refere a este tipo de turismo é necessário a
criação de um ‘Circuito Dinisiano’, que englobe a casa-museu e locais
associados à estadia e obra do autor.
No que respeita ao Turismo Arquitectónico
Urbano, continua por concretizar a recuperação das fontes espalhadas pela
cidade de Ovar.
Finalmente seria interessante
criar um conjunto de pacotes turísticos (‘Pacotes OvarTur’) que englobassem
diferentes produtos combinados, como por exemplo: Passeio de barco + Observação
de Vida Selvagem + Circuito Dinisiano (ou outros alternativos).
(Este artigo foi publicado na Revista Reis, Janeiro 2019)
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