sexta-feira, 10 de junho de 2022

A rã-verde

 





A rã-verde (Rana perezi) é a maior rã europeia nativa e o anfíbio português mais conhecido. Distribuindo-se por todo o território continental português, desde o nível do mar até às máximas altitudes, é observada na generalidade das bolsas de água doce, não poluídas ou demasiado salinizadas. 



A pele da rã-verde, como dos anfíbios em geral, é um dos seus órgãos mais importantes. Nua, permeável e húmida, é através dela que a rã efectua diferentes funções vitais, entre as quais a respiração cutânea. 

É também na pele que se encontram glândulas verrugosas, secretoras de toxinas, usadas como mecanismo de defesa contra os predadores.




É considerada uma espécie pioneira, já que coloniza facilmente habitats degradados e uma espécie bioindicador, pois devido à permeabilidade da sua pele é facilmente afectada pela poluição química das águas.




Fora da época de reprodução, esta espécie refugia-se em locais húmidos, com pouca luminosidade e densa vegetação

Com excepção dos meses rigorosos de Inverno, durante os quais poderá hibernar ou diminuir substancialmente as suas funções vitais, esta espécie de hábitos gregários, pode estar em actividade mesmo durante a noite.

Na época de reprodução é frequente vê-la, hirta, com seus grandes olhos de pupila horizontal, nos cursos de água, fontes, charcos, pequenos lagos existentes numa cidade ou mesmo sobre a vegetação aquática, deliciando-se a receber a energia do Sol. 



A época da reprodução, Primavera e Outono, coincide com os meses de chuvas moderadas e temperaturas amenas, propícias ao desenvolvimento dos embriões.

É durante este período, sobretudo a partir do meio da tarde, que se inicia uma verdadeira sinfonia junto dos habitats aquáticos, que será tanto mais exuberante, quanto maior for a superfície aquática disponível e consequentemente maior o número de cantores presentes.



O coaxar dos machos nesta altura do ano é poderoso, tanto de dia como de noite, ouvindo-se os seus sons mesmo quando nos encontramos afastados do local onde se encontram. 

Isto deve-se aos sacos vocais que os mesmos possuem dos lados da boca, que ao encherem-se de ar, como dois translúcidos balões, causam uma amplificação sonora. 




O coaxar dos machos tanto serve para atrair as fêmeas, como para, repelir outros machos. Desta forma é frequente que após um coaxar intenso se observe um macho a atirar-se a outro que esteja na sua proximidade.

Embora a cópula nem sempre seja fácil de observar, pois ocorre principalmente a coberto da escuridão, a corte começa com perseguições do macho à fêmea, esta de maior envergadura.

Fecundada, a fêmea depositará milhares de ovos em massas vegetais submersas. Posteriormente, as larvas (girinos), com uma cauda proeminente em forma de peixe, desenvolver-se-ão lentamente, atingindo a espécie uma longevidade que ronda a década.

Os indivíduos adultos alimentam-se principalmente de insectos, aracnídeos e vermes, que não faltam em habitats de grande teor de humidade.




A rã-verde constitui uma peça básica nas cadeias alimentares de diferentes espécies animais, seus predadores. 

Entre os répteis destacam-se as cobras-de água, a cobra-rateira e a cobra-de-escada. Entre os mamíferos encontram-se a lontra, doninhas, fuínhas e raposas. Entre as aves, diferentes ciconiiformes, aves de rapina e corvídeos.

 


O seu principal mecanismo de defesa contra um qualquer perigo eminente, é atirar-se à água (ouvindo-se o característico "plop") e enterrar-se no fundo.


Sobretudo nas regiões interiores do país, onde no Verão se fazem sentir temperaturas muito elevadas, as pequenas bolsas de água, nomeadamente quando paradas, aquecem a tal ponto que estes animais são obrigados a sair delas. Como a temperatura do ar é igualmente insuportável, protegem-se das fortes radiações, procurando repouso nas poucas zonas de sombra disponíveis.





2 comentários:

Mixan disse...

Belas fotografias.Gosto muito deste animal que foi um dos meus primeiros animais de estimação.Deliciosa narrativa.cumps

Álvaro Reis disse...

É um animal que tem tanto de comum quanto de belo. Ainda bem que apreciou o texto. Obrigado.