quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Quadros de Outono (II)

 




As matas de pinheiro-bravo (Pinus pinaster) - os pinhais - constituem um  interessante ecossistema, dada a biodiversidade que, apesar de tudo, conseguem apresentar face a outras monoculturas, nomeadamente aos eucaliptais.

Nos seus altos ramos, movimentam-se tanto de dia como  de noite diversas aves, mamíferos e insectos, que neles encontram habitats adequados.



O sub-bosque, diversificado em arbustos, constitui também ele um habitat importante para diferentes espécies animais que nele encontram abrigo e alimento, nomeadamente mamíferos, répteis, anfíbios, insectos e outros invertebrados.




Neste sub-bosque encontram-se plantas aromáticas como o rosmaninho (Lavandula stoechas) e a urze-roxa (Erica cinerea). Muito comum é o tojo-arnal (Ulex europaeus), capaz de oferecer na Primavera um mosaico amarelo sobre a mancha escura do pinhal.




Também a camarinheira (Corema album), que a partir do final do Verão disponibiliza o seu saboroso fruto, não só ao homem como aos demais seres, constitui um ex-libris da mata.




O solo húmido dos pinhais, coberto de agulhas e musgos, é nesta altura do ano pródigo em diferentes tipos de cogumelos. Além daqueles que vivem sobre o solo há outros que apresentam como substrato os próprios troncos dos pinheiros, como o belo saprófito Gymnopilus spectabilis.





É, também, neste meio quase silencioso que se conseguem captar alguns abafados chamamentos dos pequenos pássaros, como os dos atraentes chapins-reais (Parus major) ...



...ou das tímidas carriças (Troglodytes troglodytes).




Do alto e em amplos círculos sobre a mata, a águia-d'asa-redonda (Buteo buteo), predominantemente silenciosa, deixa escapar um pio de quando em vez, como aviso de que também por ali habita.





Sim. A mata irá continuar muito silenciosa até à próxima Primavera, mas nem por isso deixará de constituir um ecossistema repleto de vida!


(continua)


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