quinta-feira, 11 de maio de 2023

A grande colónia ! (III)

 





(continuação)


A colónia do pântano fervilha de vida! No entanto, novos intervenientes surgem, reforçando o colorido da mesma. 

Chegaram as íbis-pretas. Com a sua bela plumagem castanha escura de reflexos esverdeados e com longos bicos arqueados, também elas se aprontam para dar início à criação.



Rapidamente se integram com as demais espécies, construindo os seus ninhos por entre os das garças-reais.




Há medida que mais íbis vão chegando à colónia, os seus ninhos começam a expandir-se para a vizinhança dos de outras garças, como o goraz e junto dos ninhos dos inquietos colhereiros.

Dada a natureza singela da estrutura dos mesmos é possível observar, muito bem, as suas posturas. E estas são, de facto, muito bonitas, pela atraente cor azul que apresentam.




Agora sim, pode-se afirmar que a colónia atingiu o seu auge. Os gritos de toda esta avifauna fazem-se ouvir a grande distância. Os movimentos dentro da colónia são mais agitados do que nunca, com a sucessiva eclosão dos ovos e consequente aumento de crias, que têm que ser alimentadas.


Mas há perigos que espreitam e ameaçam!


A gralha-preta (Corvus corone corone) ...




... e o milhafre-preto (Milvus migrans)...




... também criaram nas proximidades e precisam igualmente de providenciar alimento para as suas crias. 

Qualquer oportunidade de assaltarem a colónia, roubando um ovo ou caçando mesmo um recém-nascido, não será desperdiçada, tanto pelos corvídeos como pelas rapinas.


O pântano é um ecossistema riquíssimo, onde uma multidão de aves coloniais constitui apenas a ponta visível do icebergue.


Na toalha líquida, está o sustento da colónia. 



Peixes, anfíbios e outros invertebrados aquáticos, em grande número, vão assegurar o sucesso reprodutor da mesma, durante as próximas semanas.



É, também na água, que se movimentam outros importantes predadores, como a lontra (Lutra lutra), que chega a capturar indivíduos adultos feridos ou debilitados.




A contrastar com toda esta vivacidade exacerbada da colónia, ouvem-se, vindos do interior da densa vegetação do pântano - adubada, aliás, pela enorme quantidade de excrementos produzidos pelas aves coloniais - chamamentos bastante discretos, como o do megulhão-pequeno (Tachybaptus ruficollis), que imerge e emerge a um ritmo apressurado ...



... do negro galeirão (Fulica atra), de bico e placa frontal de um branco imaculado ...



... ou da negra galinha-d'água (Gallinula chloropus), detentora de um bico rubro com extremidade amarela.




Alguns outros, de tão discretos no meio e harmoniosos no semblante, fazem esquecer com suas cantorias, a áspera gritaria que a colónia dimana. 

É o caso do rouxinol-pequeno-dos-caniços (Acrocephalus scirpaceus), também ele um migrador trans-sariano que aqui se reproduz durante o estio.




Como que indiferentes à agitação colonial, famílias de patos-reais (Anas platyrhynchos) nadam serenamente enquanto se alimentam à superfície da água, de plantas e pequenos animais aquáticos.

  



É assim o pântano. 

Ao contrário de algumas ideias erróneas, é um grandioso ecossistema vivo. Um dos mais produtivos do planeta.

A sua protecção é, pois, absolutamente prioritária!




1 comentário:

Mixan disse...

Exatamente assim!