sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

Sob a depressão ...

 







Após dias de bonança, o fim de tarde surge em tons acobreados, com nuvens negras ameaçadoras, para as bandas do nascente.



Na manhã seguinte, os campos e a cidade começam a receber os primeiros pingos de chuva. Tímidos de início, em breve engrossarão.




Estes episódios de precipitação são intervalados, sempre que o Sol consegue rasgar o tecto de nuvens, com o aparecimento dos sempre admiráveis arco-íris que, como grinaldas sobre a Terra, parecem ligá-la ao céu no horizonte distante.



Mas, com o evoluir do dia, esta depressão foi-se instalando cada vez com mais notoriedade. Aquele céu, que antes e quando podia, projectava sorrisos coloridos, toldou-se de um cinza fechado.  A água vinda do céu, começou subitamente a desabar em catadupa. 

A chuva caindo de forma contínua, tocada pelo vento sul, obriga os seres a recolherem-se em abrigos. 



Desapareceram as águias, as gralhas, o mocho, os pequenos pássaros. A natureza parece ter reagido à intempérie, encolhendo-se, escondendo em tocas os seus preciosos recursos.


Talvez seja a marisma, essa extensa e despida planura, um dos locais mais indicados para sentir os rigores desta invernia. 




Contemplar esse amplo céu, onde a luz quase não se consegue coar e simultaneamente escutar o burburinhar das águas, agitadas pela ventania e pela corrente da maré, constitui um verdadeiro bálsamo para os sentidos.



Aparentemente hostil à vida, a depressão atmosférica instalada, irá revelar na marisma toda uma explosão de vida selvagem, que se mantém bem activa por entre os grossos pingos da chuva e os empurrões fortíssimos da ventania.



(continua)



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