quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Quando a temperatura sobe ... (II)

 





(continuação)


Nos campos, também se nota, por entre o verde dos pastos, o rebentamento de pequenos pontos de outra cor. Trata-se do prenúncio do lençol policromático que irá cobrir os solos até ao final do verão.



Ainda sem a presença no céu das andorinhas migradoras, sobre os campos sobrevoam, placidamente, cegonhas-brancas (Ciconia ciconia), também estas um símbolo pré-primaveril. 




É nos parques da cidade, pela concentração arbórea aí existente, que os efeitos desta mudança climática se tornam ainda mais notórios. 

O arvoredo, de grande porte, despido e de cores extraordinariamente suaves, formado por salgueiros-chorões (Salix babylonica), plátanos (Platanus sp.) e liquidambares (Liquidambar orientalis) constitui lugar privilegiado para a presença de diversas aves. 



É aqui que as rolas-turcas (Streptopelia decaocto) começaram há muito, ainda o tempo se mostrava agreste, os seus rituais de acasalamento. Amanhecem a arrulhar e a arrulhar continuam pelo dia fora, voando de árvore em árvore, sempre aos pares, fazendo jus ao epíteto de amantes inseparáveis. 



As pegas-rabudas (Pica pica), sem possuírem a grandiosidade das paradas nupciais da espécie anterior, também já se mostram com bastante actividade, procurando um lugar para a procriação.



Rolas e pegas, nos seus movimentos constantes e graças à sua maior envergadura chamam facilmente a nossa atenção. Mas é a passarada miúda que enche os ares destes dias de Janeiro, desde o alvorecer ao entardecer.

Ainda a neblina matinal não se dissipou e a manhã mal banhada está pelos primeiros raios de sol e já chapins, pintassilgos, chamarizes, verdilhões, ..... com seus distintos cantos elaboram uma verdadeira sinfonia que encanta os nossos ouvidos.




O cabriolar dos pequenos chapins-carvoeiros (Periparus aternas altas ramagens, acompanhado pelos seus tímidos chamamentos, é digno de se apreciar cá debaixo.




O simpático canto do pintassilgo (Carduelis carduelis), por vezes tem dificuldade em guiar o nosso olhar até ao seu emissor, dado o mimetismo em que aquela pequena ave se encontra envolvida.  Ajuda-nos nesta tarefa de localização a coloração vibrante da face e das barras alares do pequeno cantor.



Com um canto mais vibrante e uma plumagem mais intensa, estão os verdilhões (Chloris chloris). Mal um canta, logo outro lhe responde, num verdadeiro diálogo musical. 




A culminar a disputa das cantorias está o chamariz (Serinus serinus). O campeão dos campeões. Um verdadeiro cega-rega. Apesar de ainda não assumir todo o protagonismo que irá apresentar em breve entre os pássaros cantores, já vai ensaiando os seus trinados, sempre em lugar de grande visibilidade. 



(continua)


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