sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Paleta de cores e sons (II)

 


                                                   



(continuação)


Mais discretos no tamanho e no canto, os passeriformes, como o chapim-rabilongo (Aegithalos caudatus), saltitam por entre os ramos despidos das ramagens, onde pequenos insectos e larvas se encontram alojados e lhes servem de repasto. 



Também o simpático pisco-de-peito-ruivo (Erithacus rubecula) se deixa apreciar, primeiro pelo seu límpido canto e num momento posterior pela sua encantadora  libré.

 



Outros, ainda mais pequenos e de canto quase imperceptível, como a felosa-musical (Phylloscopus trochilus) a caminho da sua área de invernada em África, obrigam-nos a uma maior atenção. 



Há medida que a claridade do grande astro vai revelando a manhã e multiplicando as tonalidades do imponente dossel arbóreo, ...



... casais de rolas-turcas (Streptopelia decaocto) esvoaçam do arvoredo para o solo e do solo para o arvoredo, sem que em momento algum deixem ficar para trás o seu inseparável companheiro.



Enquanto entretidas neste ternurento vaivém vão enchendo o ar com os seus chamamentos, de agradável timbre, dando ao Outono um encanto acrescido.


O som cortante que nos passa em cima, produzido por múltiplas asas rasgando rapidamente o ar, fazem-nos erguer a cabeça. 




Ao afastarem-se e quiçá como se quisessem deixar um adeus, coube a uma destas aves emitir um grasnido inconfundível. Tratam-se de patos-reais (Anas platyrhynchos) que voam para um outro sector do rio.


O Sol, entretanto, intensifica o brilho das coisas, dos seres, de tudo afinal. E as cores, que há um par de horas atrás permitiam belos contrastes, estão agora amalgamadas numa luminosidade que fere.



Só a tarde, quando o Sol no seu movimento virtual começar a declinar, trará de volta à natureza do parque aquilo que lhe é intrínseco. A beleza das suas cores e sons. 

As primeiras, com tonalidades cada vez mais sombrias, sem dúvida,...




... os segundos, mediante intervenientes, como o melro-preto (Turdus merula), perfeitamente adaptados aos trinados crepusculares. 



Crepúsculo outonal que ocorre a meio da tarde, porque num ápice a noite cairá e a luz residual afogar-se-á no meio da escuridão. 



(continua)


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