(continuação)
O Outono entrou numa nova fase.
O vento e a chuva apareceram finalmente, pese embora, durante algumas horas apenas.
O suficiente, contudo, para sacudirem a natureza.
As árvores caducifólias, que impotentes há muito iam deixando tombar as suas belíssimas folhas, mais despidas ficaram ...
... enquanto o relvado, verde por essência, viu ampliado o tapete amarelo-acastanhado de manta morta.
A quantidade de água caída, embora insuficiente para saturar os leitos fluviais, rapidamente encharcou o subsolo, obrigando certas espécies a abandonarem as suas galerias subterrâneas.
O aumento do número de montículos de terra, entretanto formados sobre o relvado, testemunham a azáfama com que a toupeira-comum (Talpa europaea) teve de lidar para enfrentar esta súbita mudança ambiental.
A parca presença de raios solares tem sido uma constante por estes dias. Mas este facto não impede a vida no parque.
Os raides aéreos, desde manhã cedo, executados pelas andorinhas-das-rochas (Ptyonoprogne rupestris) junto dos prédios contíguos ao parque, onde passam a noite, são disso testemunha.
Enquadrado por este ambiente soturno, o rabirruivo-preto (Phoenicurus ochruros) denunciou já a sua presença, graças ao seu canto tão característico. Contudo, observá-lo, hirto sobre uma rocha ou um ramo, abanando nervosamente o corpo, constitui uma imagem digna de registo.
Neste cenário, que ao longo destes dias tem privilegiado a reduzida luminosidade ambiental, o fim de tarde reserva alguma visibilidade para os pequenos pássaros que chamam baixinho uns pelos outros.
O chamariz (Serinus serinus) é um deles, sendo os seus chamamentos por esta altura do ano uma pálida sombra daquilo que representam durante a Primavera e o Verão.
E a noite, entretanto, não demorou muito a chegar, ao som dos assobios crepusculares dos melros-pretos.
(continua)
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