sábado, 22 de março de 2025

Dia Mundial da Água e Dia Mundial da Meteorologia

 






Assinalar estes dias evocativos de temas ambientais – como os da floresta, da árvore, do solo, do ar ou outros afins – deveria servir não para palestras de circunstância vazias de boas intenções ou para inaugurações de alguma obra recentemente concluída, mas sobretudo para repensar aquilo que ainda não está feito e aquilo que estando feito justifica correcção ou melhoria de acordo com as necessidades ambientais da actualidade.

Sendo a água a base da vida deveria ser dos primeiros recursos naturais, a ser mimado em todo o planeta e das mais variadas formas.

Sendo o mundo tão vasto e em cada um dos seus cantos existirem problemáticas específicas relacionadas com os recursos hídricos será mais razoável concentrarmo-nos no nosso cantinho e nos contributos que se poderão dar para a protecção e valorização das nossas águas.

A poupança no consumo de água, que é um apelo mundial feito a todos nós, será talvez o problema de mais rápida solução, uma vez que esse consumo está directamente relacionado com o esvaziar de cada carteira.

Mas há outras abordagens à água que não parecendo afectar cada indivíduo isoladamente, afectam, de facto, toda a comunidade vareira.

O rio Cáster e a ribeira da Sr.ª da Graça ao passarem pelo centro de Ovar, nomeadamente pelo parque urbano, têm todas as características para embelezarem a cidade e proporcionarem momentos prazerosos a quem circula junto deles … desde que as suas águas não corram oleosas, com espumas, lixos sólidos e maus odores, como às vezes acontece.



Por outro lado, estes dois cursos de água não deveriam ter os leitos entupidos de vegetação, cuja presença na época das chuvas só serve para dificultar o fluxo das águas facilitando o alagamento das margens. Essa vegetação que cresce espontaneamente no meio do leito deve ser limpa anualmente a partir do mês de Setembro, de modo a não afectar a reprodução das espécies que nela se abrigam.



Estes dois cursos de água também não precisam que se lhes cortem as árvores das margens, bem pelo contrário. O arvoredo das margens é o coração e os pulmões de qualquer galeria ripícola, contribuindo para o controlo das cheias durante o inverno.




Mas Ovar, cidade rodeada de mar salgado e ria salobra é também rica em água doce. Pelo menos deveria ter sido no passado, dada a quantidade de fontes que se construíram, algumas artisticamente decoradas e que hoje, moribundas de tanto desleixo, aguardam que a autarquia lhes preste o socorro merecido.




A Barrinha de Esmoriz, designada pelos ovarenses deste modo, é Lagoa de Paramos para os espinhenses, devido ao facto de ser pertença dos dois concelhos. Mas designações à parte, ela tem características e problemas comuns.

A sua característica principal é ser uma lagoa costeira, rodeada por uma extensa mancha de caniçal, onde várias espécies animais se reproduzem, outras invernam e outras tantas a usam como local de descanso e alimentação durante as passagens migratórias. Dito de outro modo, um importante ecossistema natural onde até ocorrem espécies acidentais provenientes do continente norte-americano.

Tal condição levou à sua integração na rede europeia Natura 2000. E o que é que daqui resultou? Que se criaram passadiços e uma ponte atravessando o coração desta área promovendo a perturbação em áreas que antes eram inacessíveis à pressão humana, desvirtuando o conceito do estatuto adquirido. É que para efeitos turísticos e de passeio/caminhada bastaria a existência do passadiço ao longo da periferia da lagoa.



Além desta concepção “ecológica” que as duas autarquias arquitectaram, as mesmas continuam a nada fazer (apesar de ao longo de décadas terem sido apresentados projectos elaborados por associações ecologistas) para que este espaço seja efectivamente uma Reserva Natural, onde as espécies que de lá se ausentaram possam encontrar condições para regressarem e por lá se fixarem.

 

O dia de hoje, Dia Mundial da Meteorologia, pretende chamar a atenção para a importância do clima nas nossas vidas e no planeta em geral. Objectivos, à priori, consensuais pese embora em certas situações haja sempre alguém que parece querer negar essa mesma certeza.

É o clima que faz tombar em poucas horas a chuva que deveria cair em meses. Chuva, que apesar de ser esperada e anunciada pelos meteorologistas e pela protecção civil, não deixa de inundar estradas e habitações, criar torrentes mortais, fazer transbordar rios e obrigar à descarga de enormes massas de água das barragens. Não há sacos de areia nem taipais que valham. O excesso de água não infiltrada no solo tem de passar, mesmo que para isso tenha que levar tudo à sua frente. No final é sempre o homem que tem de correr atrás do prejuízo.

É o clima que faz tombar impiedosamente sobre a linha de costa a água que cada vez existe em maior quantidade nos oceanos devido ao degelo e que inunda e destrói as ruas e habitações marginais. Não há muralha de pedra que valha. As vagas têm de se despenhar sobre a frente costeira, pois a sua força e energia não se dissipam milagrosamente. Para já apenas molhando, um dia com a possibilidade de a água arrastar consigo blocos rochosos. Será sempre o homem a colher aquilo que semear.




Água, clima, ……., ambiente, homem, decisões. Uma engrenagem, que cada vez mais, tem de estar bem oleada.

 

sexta-feira, 21 de março de 2025

Dia da Árvore / Dia da Floresta

 




 

Distantes vão os anos em que as mentes de então tomaram consciência da importância em plantar árvores sobre as dunas litorais de modo a fixarem-se as areias levadas pelos fortes ventos de noroeste.

Plantar e cuidar dessas mesmas plantações eram os objectivos dos Serviços Florestais em finais do sec XIX .

Surgiriam, assim, extensas plantações de pinhal em distintos sectores da faixa marítima portuguesa. Entre Esmoriz e Leiria os areais passaram a suportar uma extensa mancha de pinheiros-bravos (Pinus pinaster), com os quais conviviam pinheiros-mansos (Pinus pinea), choupos-negros (Populus nigra), amieiros (Alnus glutinosa), salgueiros (Salix sp.) samouco (Myrica faya), ……, e camarinheiras (Corema album), entre outras.      



Apesar das matas não constituírem um verdadeiro bosque, nunca deixaram de representar um ecossistema muito particular, com uma importância relevante na biodiversidade litoral.

Aqui instalaram-se comunidades de aves, como a águia-d’asa-redonda (Buteo buteo), o gavião (Accipiter nisus), o açor (Accipiter gentilis), a coruja-do-mato (Strix aluco), a galinhola (Scolopax rusticola), a rola-brava (Streptopelia turtur), além de variadíssimas espécies de pássaros, como o pica-pau-malhado-grande (Dendrocopus major), o torcicolo (Jynx torquilla) e a trepadeira azul (Sitta europaea).

Aqui se instalaram, igualmente, comunidades de mamíferos, como o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus), a gineta (Genetta genetta) e o texugo (Meles meles). De répteis, como a cobra-rateira (Malpolon monspessulanus), a cobra-de-escada (Elaphe scalaris) e a lagartixa-do-mato-comum (Psammodromus algirus). De anfíbios, como o sapo-de-unha-negra (Pelobates cultripes) e o sapinho-de-verrugas-verdes (Pelodytes punctatus), ….. de insectos, de musgos e de líquenes.




Instalaram-se, porque agora na mata ovarense (localmente designada como mata da Bicha ou mata de Maceda e administrativamente designada como Perímetro Florestal de Ovar) não se instalam. Não se instalam, porque deixaram de ter condições para tal.

As comunidades faunísticas e botânicas no presente são, por isso, uma pálida imagem do que foram no passado. É que enquanto os Serviços Florestais de outrora plantavam e cuidavam das matas, o ICNF de agora corta árvores e vende madeira, permitindo, ademais, que as autarquias ávidas de “ecologia” desafectem áreas sem qualquer motivo justificador.



Nos últimos anos tem sido “um vê se te avias”. Os cortes nesta zona multiplicam-se. E recentemente o ICNF com o beneplácito da autarquia vareira estruturaram um novo Plano de intervenção nesta mata, ainda mais gravoso que o anterior.

A mata vareira será destruída às parcelas. Uma aqui, outra acolá, em zonas interiores da mancha florestal (para não dar tanto nas vistas), até ao destino final que será a perda de um recurso municipal secular.

Espécies emblemáticas dos habitats costeiros como a camarinheira, já extinta noutros sectores ibéricos, mas aqui ainda presente como uma relíquia natural, corre o risco de se extinguir a curto prazo juntando-se, assim, a várias das espécies atrás mencionadas que aqui abundavam.



Este estado de coisas não deve e não pode continuar. A mata que constitui o Perímetro Florestal de Ovar deve continuar a constituir o ecossistema de outros tempos.

A destruição de sucessivas parcelas da mata contrariam, aliás, o disposto no art.º 25 da parte VI do Decreto de 24 de Dezembro de 1901 (em que assenta a gestão actual da área por parte do ICNF) ao desprotegerem o solo, fomentando a mobilização dos areais.

Dado que o estatuto de Perímetro Florestal não garante a sobrevivência deste ecossistema, é importante que o mesmo integre a rede nacional de áreas protegidas através da figura de “Área de Paisagem Protegida da Floresta de Ovar”.

É urgente que a União Europeia tome conhecimento do que de errado se faz por aqui e da vontade das populações locais em preservarem o seu património florestal!


quarta-feira, 12 de março de 2025

Inverno (IV)

 



(continuação)


Os dias estão a melhorar. Pelo menos é o que parece. 

O Sol dá um pouco mais de cor à natureza, sempre que consegue irromper o tecto de nuvens que se tem abatido sobre a mesma nos últimos dias.


Ao redor da laguna, os solos aluvionares dominados pela morraça (Spartina maritima) e pelo junco-marítimo (Juncus maritimus) ....



... e serpenteados por valas e esteiros onde a salicórnia (Salicornia ramosissima) marca presença ...



... resguardam várias outras espécies, conquistadoras dum meio onde a ausência de vegetação de grade porte permite visualizar o horizonte distante. 



Garças-reais (Ardea cinerea), imóveis como estacas, aguardam pelo momento preciso em que, disparando o seu longo bico, conseguem trespassar a presa tão desejada.



De maior dinamismo é a estratégia da sua parente, a garça-branca-pequena (Egretta garzetta). 

Deslocando-se cuidadosamente dentro de água, de forma a não ser percepcionada pelos pequenos peixes que nadam próximo da superfície, ...



... orienta a sua postura corporal sempre que a isso é obrigada, de modo a contornar os efeitos da reflexão da luz na superfície da água ...



... tornando o disparo do seu bico certeiro e mortal. 




Um grito de alarme, assaz  familiar, faz elevar o olhar. A silhueta em voo revela de forma inequívoca a passagem de uma águia-pesqueira (Pandion haliaetus). 





Uma verdadeira jóia alada dos habitats aquáticos, que tendo acabado a sua pescaria nas águas fundas da laguna vai na direcção do seu poiso remoto onde acaba por assentar.





A lontra (Lutra lutra), outra preciosidade do meio aquático, é uma visão quase sempre fugaz neste ecossistema. Surgindo do seu esconderijo, durante os períodos menos luminosos do dia, desaparece num ápice por entre a vegetação aquática da margem oposta do esteiro.  




Num voo baixo e deslizante sobre o caniçal segue a águia-sapeira (Circus aeruginosus), procurando descobrir algum roedor ou alguma ave desprevenida. 



Também o pequeno peneireiro-de-dorso-malhado (Falco tinnunculus) se deixa observar, nestes dias de maior bonança, suspenso no ar, batendo desesperadamente as asas, enquanto estuda o melhor momento para se deixar cair sobre o rato-do-campo que já localizou.  



Neste inverno tumultuoso, em que os períodos de acalmia têm sido curtos, parece que as condições do clima vão de novo ser agravadas. Novas depressões se avizinham prometendo que o fim do inverno, afinal, ficará adiado para a primavera!




terça-feira, 4 de março de 2025

Inverno (III)

 



(continuação)


O calendário anuncia que o Inverno tem o fim próximo. Contudo, ninguém parece acreditar nessa assumpção. 

As sucessivas depressões ao arrastarem vento, chuva, gelo e frio estão a condicionar o ímpeto dos seres vivos em avançarem para a nova etapa reprodutiva.



Na verdade, sempre que os dias têm a oportunidade de acordar um pouco mais serenos, logo se deixam ouvir as cantorias produzidas pela passarada, das quais sobressaem os insistentes trinados do chamariz (Serinus serinus), clamando ardentemente pela Primavera. 




Mas a estes breves dias promissores de mudança sucedem-se aqueles outros, muitos aliás, que de tão sombrios produzem uma sensação de retrocesso na estação.



A laguna, a um quarto de légua da cidade e a um outro tanto do oceano, sombria por natureza durante o Inverno, experimenta nos dias menos agrestes laivos de alguma luminosidade coada por entre os estratos nebulosos. Nos outros, é de uma negritude ameaçadora.



A água cinza escura, que apenas é prateada pelo reflexo da pouca luz quando a ela consegue chegar, nunca se cala durante este período invernoso. 

O vento sul, ao soprar em fortes e contínuas rajadas, varre a superfície das águas empurrando-as para as margens ao mesmo tempo que produz uma tal sonoridade que é muito difícil ouvir-se a natureza em redor.



Contudo, não é por este ruído abafante, nem tão pouco pelas condições atmosféricas adversas, que os seres da laguna deixam de extravasar as suas rotinas. Bem pelo contrário. 


O perna-vermelha (Tringa totanus) que parecia andar desaparecido, afinal está bem presente. Esta bonita ave, com as patas e a base do bico vermelho-alaranjadas, mostra-se agora de forma mais insistente, pescando pequenos vermes durante a baixa-mar.




Junto de si outras pernaltas de maior estatura procuram também sustento. Em pequenos grupos, pousadas nos mouchões de lodoquase passam  despercebidas graças à tonalidade acastanhada da sua plumagem.



Os maçaricos-galegos (Numenius phaeopus), assim camuflados, acabam por assinalar a sua presença quando, assustados, levantam voo emitindo em simultâneo estridentes gritos de alarme. 



Colhereiros (Platalea leucorodia), em pequenos grupos, varrem as águas baixas agitando o bico para um e outro lado, pescando os pequenos peixes, crustáceos e moluscos que passam ao seu alcance. Em breve, alguns deles partirão para longe mas outros farão os seus ninhos nas proximidades.



Solitário na vastidão das águas lagunares, um exemplar juvenil de flamingo-comum (Phoenicopterus roseus) faz diariamente pela vida, para um dia poder apresentar a libré que tanto encanta quem observa estas aves.




Sobre a enrugadíssima toalha de água, nos locais onde a profundidade é maior, emergem algumas cabeças negras ornadas de imponentes bicos de base amarela.  Cabeças que permanecem muito pouco tempo fora de água, uma vez que os corvos-marinhos-de-faces-brancas (Phalacrocorax carbo) logo submergem em busca da pescaria que a corrente está a transportar.



Ao fim de alguns mergulhos as aves precisam de sair da água para secarem as penas encharcadas antes de voltarem para a pesca. Com as asas abertas em cruz, as penas secarão por efeito do vento que se faz sentir. É um momento sempre bonito para ser apreciado.





Depois de uma nova maré e quando a altura da água está de novo a descer, os lodos, antes encobertos, voltam a revelar-se. E neles volta a instalar-se uma comunidade de pequenas limícolas.


Com uma atraente plumagem padronizada e com umas patas alaranjadas, as rolas-do-mar (Arenaria interpres) entretêm-se a vasculhar por entre as fendas das rochas, por entre as algas e no interior do lodo, insectos, crustáceos, vermes e outros invertebrados que lhes servem de alimento.



Um pouco mais pequenos mas igualmente atraentes, os borrelhos-grandes-de-coleira (Charadrius hiaticula) observam-se de forma fácil. Enfrentando igualmente os rigores deste ecossistema tão dinâmico e agreste, vão acumulando a energia necessária para a sua eminente migração em direcção ao Árctico onde irão nidificar.



Entre as várias outras espécies de limícolas que ocupam esta zona lagunar conta-se o maçarico-das-rochas (Actitis hypoleucos). Omnipresente em zonas húmidas ao longo do ano, calcorreia os sedimentos lodosos da laguna estacando frequentemente, para, com vénias e abanos da sua porção traseira, não deixar dúvidas sobre a sua identificação.



Antes da maré voltar a encher e as praias de vasa desaparecerem procuramos a solitária e vigilante tarambola-cinzenta (Pluvialis squatarola). Muito em breve partirá na sua longa viagem até à tundra árctica onde irá fazer criação. Para já, continua a gozar de alimentação abundante pois estes lodos são uma fonte de anelídeos, moluscos e crustáceos de que ela tanto precisa.




(continua)


sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Inverno (II)

 




(continuação)


A ventania amainou, a chuva abalou e o frio regressou.

As noites frias tornam os amanheceres gélidos. A geada formada durante a noite confere aos solos, pela manhãzinha, um tom alvo, que não sendo intenso como o da neve, não deixa de inebriar o olhar.



Apesar da atmosfera matinal estar a temperaturas próximas dos zero graus Celsius a passarada não está calada nem quieta. Rabirruivos-pretos (Phoenicurus ochruros) empoleirados nos frágeis ramos despidos fazem-se ouvir dali e dacolá .



As rolas-turcas (Streptopelia decaocto) não param de cantar enquanto esvoaçam de árvore em árvore, acabando por confraternizar em grupo.



As pegas-rabudas (Pica pica) cruzam o parque em diferentes direcções até encontrarem poiso. Deste, lançam de forma intermitente os seus chamamentos roucos que se ouvem mesmo a grande distância. 



O frio e a redução de alimento disponível na natureza leva estas verdadeiras rainhas dos parques citadinos a aproximarem-se das habitações onde, sempre muito desconfiadas, acabam por aproveitar alguma parcela orgânica por mais pequena que seja. 



Na costa, o mar continua muito revolto, pois o efeito da depressão perdura no tempo. A neblina densa, contudo, já desapareceu podendo-se apreciar os sucessivos trens de ondas que se abatem  sobre a praia... 



... e assistir a pescarias de verdadeiros especialistas.


Sobre a ondulação, um grupo de aves negras baloiçando-se ao sabor da mesma despertam a atenção. Tratam-se de patos-negros (Melanitta nigra) - machos, fêmeas e juvenis - entretidos em sucessivos mergulhos que lhes valem o sustento em moluscos, crustáceos, pequenos peixes e até algas.



Estes bandos, que surgem em determinados locais da costa - onde os cardumes e demais seres marinhos se concentram de forma preferencial - permanecem durante largas horas neste vertical vaivém oceânico, efectuando apenas curtos voos para mudarem de sítio quando a isso são impelidos. 



Não demora muito que sobre este mar tormentoso, onde nadam plàcidamente os patos-negros, surjam os especialistas em mergulho de profundidade. 

Voando rápido, rasando a água para melhor detectarem os cardumes de sardinha, cavala ou carapau, estas aves, que têm tanto de esbeltas quanto de aerodinâmicas, ...



... logo se elevam no ar para se deixarem cair de seguida em extraordinários mergulhos a pique, podendo atingir em mar aberto os 40 metros de profundidade; tratam-se de gansos-patolas (Morus bassanus). 


Mais próximo do areal, sobre a zona de rebentação, passam gaivotas-d'asas-escuras (Larus fuscus) prospectando desperdícios que flutuem à superfície



No areal e quando a maré começa a subir, pilritos-das-praias (Calidris alba) surgem do nada e poisam junto ao espraio da vaga para colherem larvas e pequenos vermes.




(continua)