Prólogo
"Quando se fala do Cáster, entre a conservação e a delapidação, a haver uma terceira via, Amigos, será a do sonoro caladão" .
Diário
15.06
Nas margens do rio Cáster, a norte da rua Ferreira de Castro, é já possível observar algumas máquinas a iniciarem aquela que será uma das mais rudes destruições do património natural de Ovar. O derrube indiscriminado de toda a vegetação ribeirinha, com a finalidade de se dar início ao projecto de construção do Parque Urbano de Ovar.
©Álvaro Reis
Perante o grave atentado ecológico que estava para acontecer tentei contactar de imediato o Presidente da Câmara Municipal de Ovar, no sentido de o alertar para as consequências da intervenção. Sem sucesso, pois segundo informações que me foram dadas do serviço da presidência, aquele estaria em reunião. Ficou, contudo, prometido que logo que o autarca acabasse a reunião contactar-me-ia. Não o fez.
16.06
©Álvaro Reis
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17.06
Durante este dia continuaram as "limpezas" dos terrenos, entre a ponte da rua Ferreira de Castro e a ponte dos Pelames.
©Álvaro Reis
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20.06
©Álvaro Reis
São 12h30m. Finalmente, 4 dias após a minha tentativa de contacto, sou contactado telefonicamente por um técnico da Câmara Municipal de Ovar. Após a minha exposição dos factos, o referido técnico declarou três ideias dignas de serem retidas:
Primeira ideia: nunca tinha passado pela cabeça de ninguém, na Câmara, o impacte ambiental que este tipo de iniciativa iria causar, até porque todo o processo estava a ser controlado por um eminente professor universitário.
Comentário: com professor ou sem ele, a verdade é uma só. Naquele corredor de árvores e arbustos que foram derrubados, muitas espécies foram afectadas em pleno período de reprodução. Talvez, se, em vez de uma cabeça a pensar (mesmo sendo a de um eminente professor) tivessem estado duas ou três, as decisões fossem bem mais acertadas!
Segunda ideia: uma vez que o mal estava feito já não valia a pena parar com o trabalho das máquinas, até porque a hipótese de esperar mais um mês (segundo a minha sugestão) implicaria ter que pagar ao empreiteiro todo esse tempo de paragem (!!??).
Comentário: com professor ou sem ele, a verdade é uma só. Naquele corredor de árvores e arbustos que foram derrubados, muitas espécies foram afectadas em pleno período de reprodução. Talvez, se, em vez de uma cabeça a pensar (mesmo sendo a de um eminente professor) tivessem estado duas ou três, as decisões fossem bem mais acertadas!
Segunda ideia: uma vez que o mal estava feito já não valia a pena parar com o trabalho das máquinas, até porque a hipótese de esperar mais um mês (segundo a minha sugestão) implicaria ter que pagar ao empreiteiro todo esse tempo de paragem (!!??).
Comentário: Será que aquela autarquia não conhece o significado do conceito "renegociação"? Fala-se hoje tanto dele!
Terceira ideia: o arranque da obra do Parque Urbano teria que ser mesmo agora, caso contrário perder-se-ia uma parte do financiamento do projecto.
Comentário: depois de tantos anos à espera tiveram tempo mais do que suficiente para se prepararem para o arranque da obra. Se havia assim tanta urgência deviam ter começado mais cedo com a obra, numa época anterior ao período de cria.
Diz ele (o técnico camarário): não estávamos sensibilizados para essa questão. Mas o senhor eng.º (referia-se a mim) é que nos podia ter avisado!
Disse-lhe eu: Como assim? Eu bem tento alertar a Câmara (e olhe que não foi só desta vez!!!!), mas o problema é que os senhores não me querem ouvir!!
Comentário: depois de tantos anos à espera tiveram tempo mais do que suficiente para se prepararem para o arranque da obra. Se havia assim tanta urgência deviam ter começado mais cedo com a obra, numa época anterior ao período de cria.
Diz ele (o técnico camarário): não estávamos sensibilizados para essa questão. Mas o senhor eng.º (referia-se a mim) é que nos podia ter avisado!
Disse-lhe eu: Como assim? Eu bem tento alertar a Câmara (e olhe que não foi só desta vez!!!!), mas o problema é que os senhores não me querem ouvir!!
Após longos minutos de conversa o responsável camarário prometeu fazer chegar ao Presidente da autarquia as minhas preocupações e os meus argumentos.
Mas, neste mesmo dia, ao fim da tarde, podia-se observar que as obras não só não tinham parado como continuavam a bom ritmo, agora para lá da Rua dos Pelames!
©Álvaro Reis
©Álvaro Reis
©Álvaro Reis
Grande atenção deu na verdade o sr. Presidente da Câmara às preocupações que lhe foram dirigidas horas antes!
21.06
Os abates indiscriminados, não só de arbustos mas também de árvores, continuam a norte da ponte dos Pelames, numa outra área riquíssima em vida animal.
©Álvaro Reis
Uma verdadeira barbaridade ....
©Álvaro Reis
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©Álvaro Reis
24.06
Somente desolação ....
©Álvaro Reis
Até os patos que criam no rio só têm sossego quando as máquinas estão paradas ....
©Álvaro Reis
2011 é o Ano Internacional das Florestas, mas não seguramente para esta classe dirigente de Ovar .....
©Álvaro Reis
26.06
Continuando esta cruzada de destruição da vegetação ribeirinha, a mesma chegou já à ponte sobre o rio Cáster no início da Rua Dr. José Falcão.
©Álvaro Reis
28.06
Após a muita destruição iniciam-se agora as acções de terraplanagem das margens ....
©Álvaro Reis
©Álvaro Reis
©Álvaro Reis
©Álvaro Reis
©Álvaro Reis
A quantidade de madeira morta é tanta .....
©Álvaro Reis
que as operações de destroçamento e limpeza não se fazem esperar .....
©Álvaro Reis
Uma rede é colocada no curso do rio ....
©Álvaro Reis
29.06
Continuando a apagar as marcas da destruição .... dando um jeito nas margens...
©Álvaro Reis
©Álvaro Reis
©Álvaro Reis
E assim se cumpriram as duas primeiras semanas do resto deste projecto ... para já vergonhoso.
Nota final
Fora deste projecto do Parque Urbano mas ao abrigo do POLIS Ria de Aveiro, preparam-se para destruir a natureza na foz do rio Cáster (zona da Ribeira de Ovar) para mais um projecto ambientalmente INSUSTENTAVEL!
Em Ovar a natureza está em perigo!
3 comentários:
Olá Álvaro, é uma pena realmente isso estar a ser feito dessa maneira. Vou fazer referência no Ondas3. Já agora, já pensaste em postar este problema no mural da ministra do Ambiente? http://www.facebook.com/assuncaocristas
Chamar de eminente professor a uma pessoa que, supostamente, supervisiona esta barbaridade é ofender os professores universitários na sua globalidade. Não é um canudo que dá inteligência, mas sim os actos que esse canudo pode proporcionar. E neste particular o canudo serviu somente para assinar um atentado ao ambiente sob a cumplicidade da CMO.
Concordo plenamente. Infelizmente este tipo de autarcas e seus acessores/consultores, por muitos méritos que para si requisitem e por muito marketing que façam sobre as suas "obras", passarão à história local como gente inconsciente que nunca soube o que é gerir o património territorial do concelho.
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