segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Migradores outonais na Ria de Aveiro (II)

 A Ria de Aveiro, como zona estuarina que é, constitui um meio natural muito produtivo, capaz de fixar durante o Outono grandes populações de aves limícolas, que aqui encontram um local extraordinário para recuperarem das longas viagens que acabaram de realizar.

Mais aves migradoras estão já instaladas nesta altura na Ria de Aveiro, alimentando-se nos seus diferentes habitats.

 


O Corvo-marinho-de-faces-brancas (Phalacrocorax carbo) é uma ave de grande envergadura, globalmente negra e que pesca, mergulhando, nas águas da laguna.

Ao longo dos meses de Outono vão chegando sucessivos bandos, que por aqui vão permanecer durante o Inverno.

São observados, frequentemente, poisados na areia ou nalgum poleiro, com as asas abertas, para mais facilmente se secarem.



 

O pilrito-comum (Calidris alpina), tal como o seu nome o diz, é a mais comum das pequenas limícolas que frequentam a laguna aveirense. Tal como as restantes espécies de limícolas acaba de chegar do norte, com as suas reservas energéticas esgotadas. A sua plumagem é de um cinzento acastanhado no dorso e clara nas partes inferiores.




Outro visitante outonal na Ria é o Pilrito-das-praias (Calidris alba), que chega a esta região vindo das altas latitudes árcticas onde se reproduz. É uma espécie muito comum no Outono e Inverno também nas praias, onde é visto junto à linha de água atrás dos pequenos invertebrados trazidos pelos espraio das vagas.




Nas praias de vasa formadas na Ria de Aveiro é frequente observarem-se diferentes espécies de limícolas a alimentarem-se juntas, como acontece com as duas últimas citadas.



 


O Maçarico-galego (Numenius phaeopus) distingue-se do maçarico-real pelo seu menor tamanho do corpo e do bico e pelo padrão da sua cabeça, já que apresenta os lados da coroa acastanhados, separados de uma risca escura sobre o olho.

 


O Maçarico-de-bico-direito (Limosa limosa), é outro migrador, que chega em bandos numerosos, proveniente do árctico. Alguns indivíduos fazem a viagem sem etapas intermédias; por esta razão, a Ria de Aveiro constitui durante o Outono e Inverno um espaço onde estas aves poderão restabelecer as suas reservas de gordura para a viagem de retorno.

De envergadura um pouco menor do que a espécie anterior, distingue-se claramente daquela pela forma do bico, mas também por apresentar as partes superiores da plumagem de um acinzentado uniforme.

 


 

A Íbis-preta (Plegadis falcinellus) é uma espécie que migra preferencialmente para o continente africano, onde inverna. Contudo, na última década tem tido uma dispersão crescente pela laguna aveirense durante os meses de Outono e Inverno.

Em qualquer altura do ano esta ave pode ser identificada à distância pela sua tonalidade muito escura e pelo bico curvo. No Outono e a curta distância não se observam as diferentes tonalidades que a plumagem de Verão apresenta, mas antes toda a plumagem é de um escuro baço com a cabeça sarapintada de pequenas manchas brancas.

  


A migração outonal ainda não terminou! Outros protagonistas irão surgir na Ria de Aveiro.

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