sexta-feira, 8 de março de 2024

Degelo glaciar: o fenómeno

 






A elevação da temperatura média do ar à escala planetária, intensificada a partir da revolução industrial e acelerada mais recentemente pelo anormal "efeito de estufa", tem conduzido à fusão excessivamente rápida dos glaciares. 

Estas extensões de massas geladas, de idades centenárias ou milenares, acumuladas nas zonas polares e nas altas cadeias montanhosas continentais, e que no passado apresentavam uma grande estabilidade, estão a desaparecer a um ritmo impressionante.

Segundo um estudo coordenado pela Universidade de Zurique, entre 1961 e 2016, o planeta terá perdido mais de 9000 biliões de toneladas de gelo glaciar. 


Refira-se que, aos glaciares, que ocupam 10% da superfície terrestre, se juntam as placas de gelo formadas nas regiões polares, totalizando toda esta massa cerca de 70% da água doce do planeta. Um tesouro preciosíssimo para a vida na Terra, que se está a perder, deste modo, a grande velocidade! 


É este fenómeno de degelo à escala global, que se prevê continuar a ocorrer nos próximos anos, devido à presença de grandes concentrações atmosféricas de dióxido de carbono e demais gases com efeito de estufa (GEE), entre os quais se destaca o metano. Será, pois, absolutamente necessário reduzir a queima de combustíveis fósseis e parar com os desmatamentos das florestas, pequenas e grandes. 


Fonte: tempo.pt



As consequências do degelo glaciar são múltiplas e gravosas.  Drásticas alterações nos ecossistemas, a extinção de numerosas espécies, a modificação da circulação oceânica e do clima, a perda das reservas de água doce, ...enfim, a vida planetária, tal como a conhecemos. 

Outras, talvez com menor visibilidade na actualidade, mas igualmente a ter em conta, são por exemplo, a contaminação das bacias hidrográficas com microrganismos patogénicos provenientes do degelo. Esta questão, foi levantada há pouco mais de um ano por investigadores da Universidade de Aberystwyth (País de Gales), que preveem até 2100, uma libertação de cerca de 100 mil toneladas de microrganismos para as águas oceânicas, potenciadores de surtos epidémicos. 


Como os oceanos funcionam como um regulador da temperatura planetária, absorvendo 90% do calor terrestre, o aumento de temperatura provocado pela acumulação exagerada de GEE tem um impacto imediato no aquecimento dos mares e consequentemente nos gelos polares. 

O aquecimento de um glaciar marinho conduz à perda de consistência do gelo e ao aparecimento de fissuras por onde a água resultante da fusão se escapa, erodindo esses mesmos canais, que acabam por alargar e facilitar a ruptura do glaciar em blocos mais pequenos (icebergues).

Mas se nos mares as coisas não estão boas, em terra não estão melhores. O Fundo Mundial para a Conservação da Natureza (WWF), prevê que até 2100 irão desaparecer para cima de um terço dos glaciares terrestres. 


O fenómeno do degelo glaciar poderia ser encarado como o último elo da cadeia. O fim de linha do aquecimento global. 

Mas não é assim. O degelo, em si, é apenas um elo intermédio do que poderá acontecer no futuro.


(continua)



Sem comentários: