sexta-feira, 7 de junho de 2024

A cegonha-branca (III)

 




(continuação)


A Primavera segue adiantada e plena de transformações! 

Os campos e prados começam, por esta altura do ano, a evidenciar os primeiros sinais da idade. Outrora, de tons verdes vivos, apresentam agora tons verdes acastanhados.



A colorida floração que neles existiu, que exalou aromas assilvestrados dia e noite e que pintou Março e Abril de uma jovialidade estonteante, está cada vez mais abrasada, tombando murcha dos caules, também eles amarelecidos e frouxos.



Apesar do desgaste sentido, é por estes campos que se esconde uma fauna, diminuta em porte, mas grande em número de exemplares. 



As zonas húmidas, que se estendem a perder de vista para lá da raia destes campos - onde o milho há-de vir a ser rei - fervilham igualmente de vida, também ela escondida entre os longos caules das talófitas e as águas turvas dos charcos.




Tem sido por estes habitats que a cegonha-branca (Ciconia ciconia) tem vagueado ao longo destes últimos meses, para conseguir obter o alimento necessário à providência de toda a família, que cada vez se revela mais exigente em número de presas diárias. 


Rãs, lagartos, crustáceos, peixes, insectos, micromamíferos, pequenas aves, entre outras presas, constituem o eclético menu da cegonha-branca.



O ar primaveril das manhãs, já se sente aquecido, pois o Sol levanta-se cada vez mais cedo e cada vez com maior ardor.

Desde as primeiras horas do dia, andorinhas-das-chaminés (Hirundo rustica) riscam o ar a grande velocidade, perseguindo os desprevenidos insectos voadores. 



Também do ar, chegam os incessantes chamamentos da pequena fuínha-dos-juncos (Cisticola juncidis), difícil de ser localizada contra o azul desmaiado do céu, mas, impressionantemente bela quando decide poisar nos silvados próximos.



Lá no alto do firmamento, algumas cegonhas-brancas evoluem em amplas trajectórias circulares, tirando partido das correntes térmicas formadas a esta hora do dia. Planadoras exímias, parecem despreocupadas nas suas andaduras, usufruindo simplesmente das vistas!



Pelo contrário, cá mais por baixo, os mesmos actores participam de um cenário algo diferente. Qualquer que seja o azimute traçado pelo olhar, o céu revelará uma cegonha em voo rápido e directo, frequentemente a transportar galhos ou ramos para a manutenção dos ninhos, entretanto escangalhados pela agitação própria dos juvenis. 



(continua)



2 comentários:

Mixan disse...

A acompanhar..

Álvaro Reis disse...

Faz bem...acho que irá gostar.