quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Notas de campo: aves da beira-mar

Gaivotas durante a baixa-mar
As manhãs calmas e solarengas de Inverno são propícias para passeios na natureza ovarense. Um desses passeios poderá acontecer junto ao mar. 

À beirinha da linha de água, poisadas no areal, podem-se observar, isoladas ou em pequenos grupos, gaivotas-d'asas-escuras (Larus fuscus graellsii). Entre elas poderão achar-se uma ou duas gaivotas-argênteas-de-patas-amarelas (Larus cachinnans michahellis) ou alguma gaivota-parda (Larus canus). Como que olhando atentamente a brisa, adultos e jovens permanecem imóveis até que a aproximação de alguém os faz levantar voo. 

Pilritos correndo ao longo da água
Apenas umas dezenas de metros à frente, sobre o areal, um enorme bando de pequenas aves, as limícolas, poderão passar despercebidas ao olhar menos atento do caminhante. De facto, este tipo de aves é habitualmente sempre muito numeroso, formando-se na nossa região grupos que vão de algumas dezenas até várias centenas de indivíduos. 

As limícolas mais abundantes nesta altura do ano no nosso litoral são o borrelho-pequeno-de-coleira (Charadrius dubius), o borrelho-de-coleira-interrompida (Charadrius alexandrinus), o pilrito-comum (Calidris alpina) e o pilrito-sanderlingo (Calidris alba). À excepção desta última espécie, presente em menor número e deslocando-se em correrias constantes de um lado para o outro, as restantes espécies passam grande parte do tempo paradas, cuidando da plumagem.

Se olharmos atentamente para o mar podemos observar, em determinadas zonas, patos-negros (Melanitta nigra), mergulhando com regularidade, em busca de alimento. Também um ou outro garajau-comum (Sterna sandvicensis) pode aparecer voando sobre a rebentação.


Ganso-patola com asa ferida
Em dias de calmaria não é frequente avistar-se aves pelágicas; contudo, elas poderão aparecer mortas na praia, como acontece regularmente com os gansos-patolas (Morus bassanus), resultado de morte, cansaço ou ferimentos em redes. 

Na parte mais alta da praia e sobre as dunas podem-se observar vários passeriformes, surgindo com mais frequência a irrequieta alvéola-branca (Motacilla alba).


E, assim, a manhã foi avançando. À medida que o ar ia aquecendo,  as aves parece que iam fugindo....a caminhada ia também terminando...

2 comentários:

Víctor Gomes disse...

Ao andar pelo Google à procura de resposta sobre onde as gaivotas dormem, fiquei também a saber de que elas crescem depressa e quando deixam os ninhos já aparecem quase do tamanho das adultas. Daí, fiquei intrigado com uns pequenos pássaros que andam muito depressa à beira-mar sem quase nos apercebermos, dando com uma foto que me direccionou para o seu blog. Obrigado pela sua explicação e já agora não me leve a mal, mas quando aparecer outro curioso como eu, que leia soalheiras em vez de solarengas, encontrando o Sr. Álvaro também no Google o porquê desta comum confusão.
Cumprimentos,
Víctor Gomes

Álvaro Reis disse...

Na altura não me apercebi do seu reparo e só agora ao fazer uma pesquisa no blogue reparei nele.

Contudo não entendo a razão do seu comentário uma vez que solarenga tanto se aplica a mansão, solar.... como a algo que está exposto ao Sol.