sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Chegaram os papa-moscas!

 




As temperaturas amenas, conjugadas com os aguaceiros dispersos que caíram na primeira semana de Setembro na faixa centro litoral, foram suficientes para rejuvenescer a natureza. 

Os solos e a flora, secos do Estio, humedeceram, ...




... os cursos de água foram avivados, os insectos parecem ter aumentado de número atulhando toda a atmosfera, ... 




... e os migradores insectívoros outonais, como os papa-moscas, começaram a ser vistos em grande número, independentemente do azimute traçado e do substrato arbóreo que vislumbremos.


Eles vêem-se nas árvores de folhagem já envelhecida, ...



... naquelas cujas folhas ainda irão amarelecer, ...



... ou nos silvados próximos das habitações.




Eles observam-se com alguma dificuldade, quando perfeitamente mimetizados com o meio, ...



... ou mais facilmente, quando destacados nalgum ramo despido.




Sem se demorarem muito em cada poiso, vão saltando entre diferentes ramos da mesma árvore, à procura de pequenos insectos e vermes, quase sempre semi-encobertos pelas ramagens, ...



... para, concluída a prospecção voarem para outra árvore mais afastada.



A estadia dos papa-moscas pelo litoral centro será curta, entre o final do Verão e o final do Outono, pois acabados de chegar do Norte seguirão viagem para a África Ocidental sub-Sariana, onde passarão o Inverno.


Das duas espécies ocorrentes em Portugal, o papa-moscas-preto (Ficedula hypoleuca) é o mais comum. 

Quando chega a Portugal em finais de Agosto, já traz a sua plumagem de Inverno, na qual a cor preta da cabeça e do dorso que os machos apresentam no Verão já está substituída por um castanho claro.



Nesta plumagem de Inverno os machos assemelham-se bastante às fêmeas. Contudo, uma pequena mancha na fronte e marcas alares brancas extensas distinguem-no daquela.


Sendo os insectos muito abundantes neste período do ano e sendo os mesmos a principal fonte de alimento destas aves, é frequente vê-las pousadas em locais onde os bandos de mosquitos se concentram...




... para logo a seguir, com a irrequietude que os caracteriza, lançarem-se em voo na sua captura.




Outras vezes descem ao solo, rapidamente e com grande verticalidade ...



... para capturarem alguma presa, regressando de imediato à segurança da árvore de onde se projectaram.



Muito menos frequente e muito mais discreto, com o estatuto de "quase ameaçado", é o papa-moscas-cinzento (Muscicapa striata). 




Com as partes superiores de cor cinza uniforme e riscado da mesma cor na coroa, fronte, peito e lados da garganta e pescoço, não apresentam dimorfismo sexual visível.




O papa-moscas-cinzento é muito mais eficiente que o seu parente na captura de presas em voo, apresentando uma rota e um calendário migratórios semelhantes ao do seu congénere. 

 

Ao terminar este apontamento sobre duas espécies migratórias da nossa avifauna selvagem, resta esperar que ambas usufruam de boa estadia por cá, recuperem energias e quando decidirem partir ... façam uma boa viagem até ao Sul quente!



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