sexta-feira, 8 de setembro de 2023

Concheiros (VII)








Como se tem constatado ao longo desta aventura exploratória sobre os concheiros marinhos, a coloração típica das espécies, tanto de gastrópodes como de bivalves, nem sempre se revela única. 

Esta circunstância, que não é também invulgar noutros seres vivos, fica a dever-se ao tipo de alimentação disponível em cada sector do oceano e à maior ou menor concentração de determinados sais, como os ferrosos, em cada uma dessas áreas marinhas. Repare-se, por exemplo, na diferença de intensidade de cor quando se compara o exemplar de berbigão agora apresentado com aquele outro ilustrado no apontamento anterior.






Mas continuemos.

Continuemos a caminhar pela praia, com os espraios suaves a refrescarem saborosamente as nossas passadas, em busca de novas espécies de moluscos ainda não avistadas.



Com conchas menos robustas e de aspecto bem mais luzidio começam a surgir várias outras espécies de bivalves, pertencentes a distintas famílias.

A ameijola (Mactra corallina), com uma concha triangular delgada, apresenta  um padrão raiado de castanho, desde o umbo. Esta espécie ocupa o substrato arenoso e cascalhento, no andar infralitoral, até aos - 100 metros.





A amêijoa-branca (Spisula solida), apresenta uma concha mais robusta que a espécie anterior, com sulcos concêntricos e uma coloração externa amarela esbranquiçada, com periostraco acastanhado. Vive na areia e no cascalho do andar infra-litoral, também até aos - 100 metros.






A conquilha ou cadelinha (Donax trunculus), aparentada com as telinas, apresenta uma concha cuneiforme, exteriormente de cor branca amarelada, com um comprimento duplo da largura e com faixas acastanhadas que se estendem do umbo ao bordo, o qual é vincadamente denteado na sua parte interna. A face interna da concha é de cor branca e púrpura. Vive em fundos de areia, no andar infralitoral, até - 20 metros.




Lutraria lutraria, apresenta uma grande concha oval, com estrias concêntricas, e com um perióstraco castanho esverdeado. Vive em fundos arenosos, lodosos e cascalhentos, do andar infralitoral, até aos - 100 metros.





A família das telinas (Tellinidae) é constituída por pequenos bivalves, de 2-4 cm de comprimento e com conchas de vivas colorações.

Tellina tenuis, é a espécie mais atraente da família em águas portuguesas, pois a sua delicada concha, interna e externamente, apresenta uma coloração muito viva entre o branco, o amarelo, o rosa e o laranja. Vive enterrada na areia das zonas média e inferior do andar mediolitoral e do andar infralitoral. 

Devido à grande força de ligação que existe entre as suas valvas, são encontradas na praia frequentemente com as valvas unidas e abertas, assemelhando-se a uma borboleta.





As navalhas ou lingueirões devem o seu nome à forma alongada e estreita das suas conchas. Estas espécies vivem enterradas, em posição vertical, nos fundos móveis.

O longueirão-direito (Ensis siliqua), apresenta os bordos da concha com grande paralelismo. De cor esbranquiçada, com perióstraco esverdeado, vive nos fundos arenosos e vasosos do andar infralitoral, até aos -35 metros.



O longueirão-direito-europeu (Solen marginatus), mais pequeno que a espécie anterior, apresenta cor amarela-ferruginosa, com linhas finas e perióstraco castanho. Vive em fundos arenosos e vasosos do andar infralitoral.




Panopea glycimeris, com suas grandes valvas acinzentadas, que chegam aos 30 cm de comprimento, sempre entreabertas em praticamente toda a extensão, vive em fundos de areia e vasa, do andar infralitoral.





Ao contrário da maioria das espécies de bivalves, que são escavadoras, explorando em profundidade os fundos móveis, existem algumas outras, muito poucas, que se especializaram em perfurar substractos rígidos, como rochas, conchas e pedaços de madeira flutuantes. 

Uma dessas espécies é o taralhão (Pholas dactylus), o maior em envergadura entre os perfuradores. A sua concha, acinzentada, leve e com os umbos flectidos, apresenta a sua parte externa preenchida por caneluras concêntricas e radiais. Vive no andar mediolitoral inferior e no andar infralitoral.




(continua)



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