sexta-feira, 12 de abril de 2024

Degelo glaciar: os glaciares de montanha

 







(continuação)


Segundo a Worldwatch Institute os principais glaciares de montanha em todo o mundo estão a sofrer grandes reduções na massa de gelo e neve. 


Nos Alpes e desde meados do século XIX que as temperaturas subiram 2.ºC (mais do dobro da subida média global). Como consequência, os glaciares dos Alpes sofreram uma diminuição de 35% na sua extensão. O terceiro maior glaciar desta cadeia, conhecido como "mar de gelo", localizado nas proximidades do Monte Branco, perdeu no último século mais de um quarto da sua espessura, tendo sofrido um recuo de cerca de dois quilómetros. 


Segundo a Comissão Suíça para a Observação da Criosfera (Academia Suíça das Ciências), o volume de gelo dos glaciares suíços diminuiu 10% nos últimos dois anos, tanto como, durante três décadas (1960-1990), com perdas de espessura que atingiram os 3 metros.


A continuar o ritmo de aquecimento, não só o Mar de Gelo, como outros glaciares, poderão desaparecer na totalidade.


A UNESCO avisa que os glaciares dos Pirinéus, Quilimanjaro e Yellowstone podem desaparecer no intervalo de duas décadas. Mas o recuo glaciar também já é visível noutras regiões do globo, como no Alasca e no Evereste.


A redução do período de nevadas em mais de um mês tem implicações directas na redução da extensão dos glaciares de montanha. E esta redução na superfície branca faz diminuir a área reflectora da radiação solar agravando o degelo dos mesmos. 

Com a redução da extensão de gelo também aumenta a exposição do solo montanhoso e consequentemente a instabilidade do mesmo, com o aumento de deslizamentos.




No continente asiático, o degelo glaciar pode, também, vir a produzir situações de grande dramatismo. 

Há estudos que mostram que no último milénio sempre que ocorriam aumentos significativos nos caudais dos rios tibetanos, havia uma explosão demográfica em todo o território do sudeste da Ásia. 

Esta relação parece explicar-se pelo facto dos rios, alimentados pelos glaciares do Tibete, constituírem a principal fonte de irrigação de todas estas terras, nomeadamente no que respeita à produção de arroz, bem como, fonte de produção piscícola.

Ora, o degelo crescente destes glaciares poderá provocar novos períodos de grandes cheias, que conduzam a um aumento na capacidade de irrigação dos solos, à melhoria das condições sócio-económicas, ao aumento das populações e consequentemente a um crescimento nos consumos de água doce. Água que se vai escapando, perigosamente, destes grandes e insubstituíveis reservatórios naturais!


(continua)



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